O ministério francês das Relações Exteriores pediu neste domingo (9/1) a seus cidadãos que mantenham "vigilância extrema" nos países do Sahel, um dia depois da morte de dois franceses sequestrados no Níger, que foram executados após uma tentativa de resgate.
Em seu site, o ministério recomenda "aos cidadãos franceses que sejam extremamente vigilantes em qualquer hora e local" nos três países da região do Sahel (Mauritânia, Mali e Níger).
"Levando em consideração a ameaça terrorista na região, nenhum lugar pode ser considerado seguro hoje em dia", acrescenta.
O ministério da Defesa, por sua vez, indicou através de seu porta-voz Thierry Burckhard que "estamos esperando pelo resultado das investigações, mas tudo leva a crer que os dois reféns franceses (...) foram executados" por seus sequestradores.
Segundo Burkhard, uma aeronave francesa apoiou as tropas nigerinas em sua perseguição aos sequestradores.
O ministro da Defesa francês, Alain Juppé, irá ao Níger na segunda-feira para "reunir-se com as autoridades nigerinas e a comunidade francesa" no país, informou neste domingo um funcionário do ministério, que pediu o anonimato.
Os dois franceses foram levados na sexta-feira de um restaurante de Niamei, capital do Níger, e morreram durante uma operação de resgate das forças nigerinas.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, que estava na Martinica, condenou "este ato bárbaro e covarde", reafirmando a determinação da França de "combater descanso a barbárie terrorista".
Os dois reféns mortos, Antoine De Léocour e Vincent Delory, ambos de 25 anos e oriundos de Linselles, pequena cidade do norte da França, foram sequestrados por homens desconhecidos "com armas e turbantes", segundo testemunhas.
De acordo com o gerente do restaurante onde os dois jantavam no momento do sequestro, Léocour vivia no Níger, onde trabalhava para uma ONG, e deveria se casar na próxima semana com uma nigerina. Seu amigo Delory, que o conhecia desde a infância, havia acabado de chegar ao país para ir ao casamento.
A noiva de Leocour, Rakia Hassan Kouka, deu uma pequena e emocionada declaração à rádio francesa Europe 1 sobre o trágico incidente.
"Rezo a Deus para que ele descanse em paz", disse. "É muito difícil para mim. Não consigo expressar o que estou sentindo em meu coração".
Outro amigo de infância de Leocour, identificado apenas como Louis, também falou à Europe 1. Ele chegou a Niamei na sexta-feira para o casamento, quando soube do sequestro.
"Viemos vê-lo casado, e agora vamos vê-lo sepultado", lamentou. "Estou dividido entre a dor e o ódio".
Laouali Dan Dah, porta-voz do governo do Níger, não informou a identidade dos autores do sequestro, que não foi reivindicado, mas as suspeitas pesam sobre a Al-Qaeda do Magreb Islâmico (AQMI), um movimento que opera na região do Sahel e do Saara, entre Níger, Mali, Argélia e Mauritânia.