Havana - O presidente de Cuba, Raúl Castro, fez novas mudanças no governo, para garantir a continuidade das reformas econômicas, nomeando o histórico comandante Ramiro Valdés como "superministro" dos setores estratégicos da Indústria Petroleira e Mineradora, Construção e Comunicações.
De sua inteira confiança, Valdés, 78 anos, também vice-presidente, foi "liberado" por Raúl Castro das funções de ministro da Informática e Comunicações, para se concentrar em supervisionar este mesmo Ministério e os da Indústria Básica e Construção, segundo uma nota oficial publicada nesta sexta-feira.
Seu cargo será ocupado pelo general Medardo Díaz, um engenheiro de 48 anos, que já teve vários pastas - entre elas, a de chefe de comunicações - nas Forças Armadas Revolucionárias (FAR), sob o comando de Raúl Castro por décadas.
Valdés acompanhou o líder comunista Fidel Castro no ataque ao Quartel La Moncada em 1953, no desembarque do iate "Granma" em 1956, na guerrilha de Sierra Maestra e ocupou vários cargos desde o triunfo da revolução em 1959.
Ex-ministro do Interior e fundador dos serviços de inteligência e segurança, o histórico dirigente esteve um período relegado a segundo plano, mas Raúl Castro o trouxe de volta à cúpula assim que substituiu Fidel em 2006: vice-presidente do Conselho de Estado e de Ministros, membro do seleto Escritório Político do Partido Comunista (PCC), além de ministro.
Valdés, designado há um ano pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, como assessor para assuntos energéticos, participará de três Ministérios que Raúl Castro julga essenciais para o desenvolvimento do país, em seu plano de reformas que deve ser aprovado no Congresso do PCC em abril e que inclui a abertura do país ao capital estrangeiro.
Em setembro passado, Raúl Castro destituiu por "fraco controle" e "péssimo trabalho" Yadira García do Ministério da Indústria Básica, o mais importante do país já que concentra o maior volume de capital externo para a exploração de petróleo, petroquímica, energia elétrica e mineira.
Valdés também supervisionará o setor da construção, onde são conduzidos investimentos milionários e um dos mais afetados pelo desperdício, desvio de recursos e corrupção - atos condenados pelo presidente.
Como parte das novas mudanças, foi destituído o ministro da Construção, Fidel Figueroa - na função desde 2002 -, por "erros cometidos", e o substituiu pelo presidente do Instituto Nacional de Recursos Hidráulicos, René Mesa, de 52 anos.
Com a experiência adquirida como ministro, Valdés também dará seguimento ao setor que controla as conexões à internet, os serviços de informática, a telefonia, transmissões de rádio e televisão.
Desde que assumiu o poder, Raúl Castro já realizou cerca de 30 mudanças no governo, as mais conhecidas foram as destituições do vice-presidente Carlos Lage e do chanceler Felipe Pérez Roque, acusados de "indignos" e com "ambições de poder".
Além de trocar ministros, Raúl Castro, que promove uma política de austeridade e eficiência com o modelo de gestão das empresas controladas pelos militares, realizou uma profunda reestruturação da equipe econômica, de onde emergiu Marino Murillo como poderoso ministro da Economia e vice-presidente do gabinete.
Aplaudido pelo governante, Murillo ficou à frente, em dezembro, das discussões no Parlamento, durante três dias de sessões, quando foi analisado o plano de reformas, que inclui, além da abertura ao setor privado, autonomia das empresas estatais e eliminação de subsídios.