Washington - As novas edições americanas das aventuras de Tom Sawyer e de Huckleberry Finn tiveram a palavra "negro" retirada de suas páginas, criando polêmica nos Estados Unidos. O New York Times se disse "horrorizado" por terem retocado os clássicos de Mark Twain.
Na nova versão de Huckleberry Finn, Jim, amigo do personagem principal, não será mais "negro", apenas "escravo". Outro personagem, chamado de "Injun Joe" de maneira trivial pelos personagens de Mark Twain, em inglês, agora passa a ser "Indian Joe" na nova versão de "Tom Sawyer".
Essas novas edições foram modificadas por Alan Gribben, um professor de literatura da Universidade Auburn de Montgomery do Alabama (sul). Elas devem ser publicadas por uma pequena editora, NewSouth Books.
Durante uma entrevista concedida à rádio pública NPR, Gribben justificou seu gesto argumentando que "o clima cultural no qual vivemos hoje é totalmente diferente" deste que prevalece na época da publicação das obras, no fim do século XIX.
Mas o anúncio da publicação dos dois livros provocou uma confusão.
A batalha é conduzida, em particular, por Barbara Jones, diretora do Centro pela Liberdade Intelectual da Associação Americana de Bibliotecas.
"As ;Aventuras de Huckleberry Finn; foram escritas por um dos observadores e autores mais prolíferos e perspicazes do mundo literário americano dos séculos XIX e XX. Mark Twain não tinha medo de refletir sobre as forças e as fraquezas de seu país. Ele deliberadamente utilizou a palavra ;n...;, e não porque ele era racista", escreveu Jones em seu site aolnews.com.
O New York Times publicou em seu editorial desta quinta-feira: "nós estamos horrorizados e pensamos que a maioria dos leitores, sejam puristas ou não, também ficarão (...). É impossível ;limpar; Twain sem causar danos irreparáveis a sua obra".