Dezoito meses após a morte de Michael Jackson, começou ontem, em Los Angeles, a série de audiências que determinarão se o cardiologista Conrad Murray, médico particular do rei do pop, irá a julgamento por homicídio culposo. Nas horas que antecederam o início da primeira sessão, ganhou força a tese de que a defesa de Murray, apontado como responsável pela morte do astro, tentará convencer o juiz Michael Pastor de que o artista se matou com uma overdose de medicamentos. Michael Jackson morreu em 25 de junho de 2009, aos 50 anos, vítima de parada respiratória induzida por remédios.
Na audiência preliminar, o juiz Pastor, da Corte Superior de Los Angeles, decidirá se há evidências suficientes para denunciar Murray, 57 anos. O médico, acusado de ter administrado um poderoso coquetel de sedativos e analgésicos para ajudar Jackson a dormir, alega inocência desde o início das investigações.
Segundo um promotor, os advogados de defesa pretendem dizer que Michael Jackson teria se aproveitado de um momento em que o cardiologista havia ido ao banheiro, na mansão que morava em Beverly Hills, para injetar em si próprio uma superdose do anestésico propofol. De acordo com essa versão, o músico teria acordado e, impaciente, injetado o medicamento, no breve intervalo em que o médico se ausentara do quarto. A prova seria uma seringa encontrada no chão.
;Eu acho que está claro que a defesa está trabalhando com a teoria de que a vítima, Michael Jackson, se matou;, disse o vice-promotor distrital David Walgren em uma audiência preliminar na semana passada. A defesa de Murray se negou a comentar quaisquer teorias fora do tribunal. ;Eles não querem dizê-lo, mas é nesta direção que estão indo;, garantiu Walgren.
A audiência preliminar pode se estender por até duas semanas. Um dos aspectos que devem ser bem explorados é o uso que Murray fez de propofol, um anestésico usado em procedimentos cirúrgicos, para tratar a insônia de Michael. O medicamento não é indicado para uso doméstico ou para tratar distúrbios de sono.
Segundo informações divulgadas pelo jornal Los Angeles Times, o juiz deverá ouvir nos próximos dias pelo menos 35 testemunhas convocadas pelos promotores, entre eles especialistas médicos e investigadores, além de seguranças e empregados da mansão.
O músico se preparava para uma série de 50 shows em Londres, que marcariam sua volta aos palcos, quando morreu. O falecimento de Jackson, o maior astro pop de sua geração, chocou o mundo do entretenimento e deu origem a um intenso debate sobre a saúde do artista.