Tel Aviv - O ex-presidente israelense Moshe Katzav foi declarado culpado, esta quinta-feira, de estuprar duas vezes a mesma funcionária, ao fim de um processo de mais de quatro anos durante o qual alegou ter sido vítima de um "linchamento político".
O ex-chefe de Estado, de 65 anos, foi considerado culpado por um tribunal de Tel Aviv de dois estupros contra uma subordinada na época em que era ministro do Turismo, nos anos 90.
Ele também foi considerado culpado de dois atos de indecência, incluindo uma acusação de uso da força e assédio sexual, contra três funcionárias do ministério do Turismo e mais tarde da Presidência, para a qual foi eleito em 2000.
Katzav também foi declarado culpado de obstrução à Justiça.
A pena de Katzav, que será anunciada em janeiro, pode variar de oito a 16 anos de prisão.
Katzav sempre declarou inocência, desde que foi indiciado em 19 de março de 2009. Dezenas de testemunhas foram ouvidas a portas fechadas desde então.
O ex-presidente foi obrigado a entregar o passaporte e está proibido de deixar o país.
"Katzav continuará declarando inocência em todas as instâncias possíveis" afirmou o advogado de defesa, Avigdor Feldman.
O ex-presidente pode apelar na Suprema Corte, mas segundo o especialista jurídico da rádio pública israelense, Moshe Negbi, as possibilidades de êxito nesta instância "seriam nulas".
Vestido com um terno cinza, Katzav ficou pálido e murmurou "não, não", ao ouvir o presidente do tribunal, George Kara, ler o veredicto.
"Quem usou uma linguagem dupla foi o acusado, cujos supostos álibis foram reduzidos a pó", afirmou Kara.
"Nós acreditamos na demandante, pois seu depoimento estava respaldado com elementos de provas e ela disse a verdade", completou.
"Quando ela rejeitou as insinuações (de Katzav), o acusado começou a assediá-la e vingar-se. A jovem se defendeu, enquanto o acusado fazia uso da força e da violência no ministério do Turismo, mas também em um hotel de luxo", acrescentou o juiz.
"O testemunho de Katzav estava repleto de mentiras", insistiu Kara.
Os advogados do ex-presidente chegaram a obter um acordo ratificado pela Suprema Corte para que ele fosse acusado de "assédio sexual", "atos indecentes" e "subordinação de testemunho", mas não de estupro.
Mas Katzav decidiu rejeitar o acordo e afirmou que era "vítima de um imundo complô e de um linchamento organizado".
Esta decisão foi um "grande erro" da parte de Katzav, opinou o juiz.
O ex-presidente, judeu praticante de origem iraniana e pai de cinco filhos, renunciou à presidência de Israel em junho de 2007 em função das acusações.