Jornal Correio Braziliense

Mundo

Três anos depois, milhares choram a morte de Benazir Bhutto

Karachi (Paquistão) - Milhares de paquistaneses se reuniram nesta segunda-feira para lembrar a ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, morta há três anos em um atentado. Os manifestantes pediram justiça, uma vez que seu assassinato continua impune.

Partidários de Bhutto de todo o país homenagearam a ex-primeira-ministra em seu túmulo, no vilarejo de Garhi Khuda Bakhsh (sul). Eles batiam no próprio peito em sinal de luto, e cantavam "Bhutto estava viva ontem, Bhutto está viva hoje".

Primeira mulher a se eleger primeira-ministra de um país muçulmano, Benazir Bhutto foi morta em 27 de dezembro de 2007, quando participava de um comício eleitoral em Rawalpindi, perto da capital Islamabad.

Dois policiais foram presos na semana passada, acusados de não cumprir seu dever no momento em que ela foi assassinada, e cinco supostos militantes do talibã paquistanês, presos por quase três anos acusados de participação no atentado, sequer foram indiciados pela justiça.

O atual presidente, Asif Ali Zardari, viúvo de Bhutto, prometeu ser leal às políticas de sua mulher no governo. Além disso, comprometeu-se com a luta contra os grupos radicais, responsabilizados pela morte de mais de 4 mil pessoas no Paquistão desde julho de 2007.

"Construiremos um novo Paquistão", disse Zardari, prometendo transformar o país, afundado na corrupção endêmica, em uma nação democrática moderna, como desejava sua mulher.

"Este governo, o seu governo, completará seu mandato de cinco anos e então organizará eleições transparentes, porque queremos que a democracia floresça no Paquistão", concluiu o presidente, que visitou a sepultura de Bhutto no domingo acompanhado das duas filhas e do primeiro-ministro Yousuf Raza Gilani.

O filho de Benazir, Bilawal Bhutto, considerado seu verdadeiro herdeiro político, deve ir ao túmulo da mãe ainda nesta segunda-feira.

Na manhã desta segunda, homens, mulheres e crianças choravam e recitavam trechos do Corão junto à lápide.

Liaquat Mughal, 55 anos, disse ter vindo de bicicleta de Sambaryal, perto da fronteira com a Índia, para homenagear Bhutto. Ele disse que os assassinos da ex-primeira-ministra devem ser levados à justiça.

"Eu não quero nada mais. Quero apenas ver os assassinos de minha líder pendurados em uma forca", afirmou.

A segurança foi reforçada no cemitério por milhares de policiais e tropas paramilitares. Dezenas de pessoas faziam discursos, enquanto outras carregavam imagens de Bhutto.

"Acredito que mais de 100 mil pessoas tenham visitado o túmulo desde ontem (domingo)", estimou o policial Ashraf Leghari.