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Atentado mata 80 pessoas 40 no Paquistão

Mais de 80 pessoas morreram em um atentado dos talibãs contra uma instalação do "Programa Mundial de Alimentos" da ONU e em uma série de ataques aéreos com helicópteros contra insurgentes no Paquistão neste sábado (25).

Uma terrorista suicida usando uma burqa enganou os oficiais de segurança e matou pelo menos 43 pessoas em um centro de distribuição de ajuda humanitária da ONU instalado na cidade de Khar, em uma área tribal na fronteira com o Afeganistão. Khar, maior cidade do conturbado distrito tribal de Bajaur, já foi um refúgio do talibã.

A maioria das vítimas pertencia à tribo local de Salarzai, que apoia a ação militar contra os insurgentes e integram uma milícia para ajudar a expulsá-los de Bajaur. "Pelo menos 43 pessoas foram mortas e mais de 100 ficaram feridas no atentado suicida", indicou Zakir Hussain, principal autoridade tribal da região.

Em um primeiro momento, as informações sobre a identidade do terrorista de Khar eram desencontradas: algumas autoridades afirmavam que o ataque foi perpetrado por uma mulher, enquanto outras acreditavam se tratava de um homem disfarçado com uma burqa.

De qualquer modo, a terrorista foi interceptada em um posto de controle próximo ao centro de distribuição, e detonou os explosivos que trazia junto ao corpo enquanto era revistada, relatou Sohail Khan.

O administrador de Khar, Tariq Khan, confirmou à AFP que o ataque foi executado por uma mulher. "Foi uma terrorista suicida", afirmou.

Mubashir Khan e Munasib Khan, oficiais da polícia local, também confirmaram esta versão, acrescentando que a mulher teria resistido à solicitação de revista e atirado uma granada de mão contra os guardas do posto de controle antes de detonar a bomba.

Testemunhas indicaram que o terrorista de fato possuía uma granada, que lançou momentos antes da explosão.

"Eu estava esperando para ser revistado em uma fila no posto de controle, do lado de fora do ponto de distribuição de comida, quando ouvi uma explosão de granada. As pessoas começaram a correr em pânico e então uma enorme explosão seguiu", contou à AFP Mushtaq Khan, que foi ferido nos braços e levado a um hospital. Ele afirmou ter visto muitas pessoas no chão em poças de sangue, em meio a uma nuvem de poeira e fumaça.

As tribos de Salarzai estabeleceram uma força paramilitar para expulsar os insurgentes de sua área, mas as autoridades recusaram-se a responder se eram ou não o alvo do ataque.

Um porta-voz do Movimento dos Talibãs do Paquistão reivindicou o atentado. "Cometemos o atentado em Khar porque essa gente criou uma milícia para lutar contra nós", declarou à AFP Azam Tariq, referindo-se aos Salarzai.

Em outro comunicado, o secretário de Estado britânico para o sul da Ásia, Alistair Burt, lamentou "este espantoso ataque contra inocentes refugiados". "Este é um exemplo das razões pelas quais todos os países devem trabalhar conjuntamente para fazer frente à ameaça dos terroristas", acrescentou.

A administração local impôs um toque de recolher até nova ordem e as forças de segurança patrulham as ruas.

Bajaur é um dos sete distritos tribais paquistaneses, região considerada bastião maior da Al-Qaeda e um dos locais mais perigosos do mundo pelos Estados Unidos.

Mohammad Hafiz, diretor do hospital público local, confirmou o balanço de vítimas e disse que várias mulheres e crianças estão entre os mortos.

Em outro episódio, 40 militantes morreram em Mohmand, outro distrito tribal, em uma série de bombardeios com helicópteros, de acordo com as autoridades.

Esta operação foi realizada como represália pelos ataques coordenados contra sete postos de controle cometidos pelos insurgentes na véspera, provocando a morte de 11 membros das forças paramilitares paquistanesas e de pelo menos 24 atacantes.

"Desde ontem (sexta-feira), as forças de segurança do Paquistão realizam ataques contra refúgios de insurgentes com helicópteros equipados com metralhadoras. Matamos 40 militantes", declarou à AFP Amjad Ali Khan, alto funcionário do governo.

As forças paquistanesas lançaram uma operação nos vilarejos de Baizai e Lakro como retaliação a uma série de ataques coordenados contra cinco postos de controle na sexta-feira, que mataram 11 soldados paramilitares e 24 insurgentes.

O presidente Barack Obama condenou o ataque em uma nota emitida no Havaí, onde se encontra de féris com sua família. "Condeno firmemente o escandaloso ataque terrorista em Khar, no Paquistão", afirmou Obama em uma declaração emitida no Havaí, onde está de férias com sua família.

"Matar civis inocentes ante um ponto de distribuição do Programa Mundial de Alimentos é uma afronta ao povo do paquistão", acrescentou.

"Os Estados Unidos apoiam o povo do Paquistào neste momento difícil e apoirão fortemente as tentativas do Paquistão de buscar mais paz, segurança e justiça para seu povo", disse ainda.