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Ataques na véspera do Natal matam 38 na Nigéria

Uma série de violentos ataques terroristas contra igrejas cristãs na véspera do Natal deixaram pelo menos 38 mortos na Nigéria, e as autoridades agora trabalham para evitar que o banho de sangue se repita neste sábado.

Sete explosões foram registradas em duas áreas da cidade de Jos, no centro do país, matando 32 pessoas e ferindo 74 - a maioria delas, segundo a polícia, fazia compras de Natal.

Na cidade de Maiduguri, no norte da Nigéria, supostos membros de uma seita islâmica que lançou uma insurgência no ano passado atacaram três igrejas, matando seis pessoas e queimando um dos templos, de acordo com um porta-voz do exército.

Entretanto, ainda não foram estabelecidos indícios que apontem para uma ligação entre os incidentes do norte e do centro.

A situação permanece especialmente tensa em Jos, palco de frequentes enfrentamentos religiosos e étnicos que tiraram a vida de milhares de habitantes em 2010.

A polícia tenta acalmar a situação depois que alguns moradores da regiçao indicaram ter visto uma gangue de jovens construindo uma barreira na estrada que leva ao local onde um dos ataques ocorreu na sexta-feira, incendiando cerca de cinco veículos.

"Perdemos 32, e 74 estão feridos", disse Abdulrahman Akano, comissário de polícia do estado de Plateau.

A região sofre com a violência sectária há bastante tempo, mas nunca antes os ataques haviam envolvido a detonação de explosivos.

"Esta é a primeira vez em que explosivos desta magnitude foram usados", garantiu Akano.

A polícia ainda não sabe quem está por trás dos atentados, aparentemente perpetrados com dinamite.

"As pessoas estavam fazendo suas compras", explicou o comissário, nas áreas atacadas. "O local escolhido como alvo tinha todo tipo de pessoa - muçulmanos e não-muçulmanos".

Jos, capital do estado de Plateau, fica no meio do caminho entre o norte predominantemente cristão e o sul, habitado majoritariamente por comunidades cristãs.

Grupos de defesa dos direitos humanos da área afirmam que mais de 1.500 pessoas foram vítimas da violência entre os dois grupos religiosos apenas este ano.

"O objetivo de quem planejou estes ataques é jogar os cristãos contra os muçulmanos e dar início a uma nova onda de violência que por fim culminará no caos e interromperá o atual processo eleitoral", estimou Jonah David Jang, governador de Plateau, discursando em rede nacional de televisão.

As eleições na Nigéria estão marcadas para o mês de abril, e observadores internacionais já alertaram para um aumento da violência ligado à aproximação do pleito.

Suspeita-se que os atentados de Maiduguri, no norte, tenham sido executados pela seita Boko Haram, que no ano passado deu início a uma revolta que terminou com a morte de centenas de pessoas.

"No ataque contra uma igreja batista na região de Alamderi, cinco fieis incluindo o pastor do templo foram assassinados por um atirador, supostamente membro da Boko Haram", indicou o tenente Abubakar Abdullahi.

Em outro ponto da cidade, um segurança foi morto quando outros supostos integrantes da seita atacaram uma igreja, acrescentou.

Soldados do exército em patrulha conseguiram repelir o terceiro ataque de Maiduguri, evitando a morte dos fieis que rezavam na igreja.

Abdullahi disse que a igreja batista foi queimada pelos agressores, junto com a casa do pastor que ficava ao lado.