Agravou-se a situação de violência e insegurança na Costa do Marfim, país que enfrenta uma guerra política interna desde o fim de novembro. O presidente Laurent Gbagbo declarou-se vitorioso nas eleições, com o apoio militar, embora as urnas tenham apontado a vitória do rival Alassane Ouattara, reconhecido oficialmente pela comunidade internacional. Ontem, a alta comissária para Direitos Humanos das Nações Unidas, Navi Pillay, afirmou que, de quinta-feira a sábado, 50 pessoas morreram e 200 ficaram feridas. Em um comunicado, ela disse que estava inquieta também pelos numerosos sequestros que ocorrem no país.
De acordo com Pillay, familiares denunciam o sumiço de centenas de pessoas. Segundo testemunhos, as vítimas foram sequestradas em suas próprias residências. Os atos teriam sido cometidos em particular à noite, por indivíduos armados não identificados, vestindo roupa militar e acompanhados de efetivos das Forças de Defesa e da Segurança ou de milícias. ;As informações indicam que as pessoas sequestradas foram levadas à força a centros de detenção ilegais (...). Outras apareceram mortas em circunstâncias suspeitas;, acrescentou a nota da alta comissária. Pillay lamentou ;a deterioração da situação de segurança no país e que os entraves à liberdade de movimento do pessoal das Nações Unidas dificultaram qualquer investigação sobre estas numerosas violações dos direitos humanos constatadas;.
O saldo de mortos foi divulgado um dia depois de o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, rejeitar o ultimato de Gbagdo, para a saída dos soldados da missão de paz. Ele advertiu que, em caso de ataque contra os capacetes azuis, haverá consequências. ;A missão da ONU, Unoci, completará seu mandato e seguirá monitorando e documentando qualquer violação aos direitos humanos, incitação ao ódio e à violência, assim como os ataques contra as forças de paz da ONU", afirma um comunicado divulgado pelo porta-voz do secretário-geral.
;Ban está profundamente preocupado com os ataques contra uma patrulha das Nações Unidas e sentinelas executados por elementos das forças da Costa do Marfim, ao que parece as forças leais a Gbagbo;, afirmou a ONU, em um comunicado. ;Haverá consequências para aqueles que cometeram ou planejaram tais ações ou o façam no futuro;, concluiu.
Intolerável
O Conselho Nacional da Imprensa (CNP) da Costa do Marfim exigiu ontem a abertura de cinco jornais favoráveis a Alassane Ouattara, que foram fechados desde sexta-feira pelos militares que defendem Laurent Gbagbo. Em um comunicado, o órgão regulador da imprensa do país considerou que a censura é ;intolerável e atinge a liberdade de imprensa e o direito dos cidadãos a uma diversidade de informação;.