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EUA: Senado conclui debate para suspender tabu gay nas Forças Armadas

O Senado dos Estados Unidos suspendeu, este sábado (18/12), o último obstáculo para a anulação da lei que proíbe tornar pública a condição de homossexual a integrantes das Forças Armadas, o que o presidente Barack Obama considerou um "avanço histórico".

"Hoje, houve um avanço histórico no Senado para terminar com uma política que minava nossa segurança nacional, violando os ideais dos nossos valentes homens e mulheres militares que arriscam a vida para nos defender", disse Obama.

"Nossa nação não negará mais o serviço a milhares de americanos patrióticos, obrigados a deixar o Exército, apesar de uma atuação exemplar de muitos anos, porque são homossexuais", afirmou o presidente em um comunicado.

"E centenas de milhares mais não deverão viver na mentira para poder servir ao país que amamos", acrescentou.

Obama falou após a votação, no Senado, que encerrou o debate para abolir a lei "Don;t ask, don;t tell" ("Não pergunte, não diga"), em vigor desde 1993, por 63 votos a favor e 33 contra, levantando o último obstáculo para anular a lei este fim de semana.

Agora, espera-se que a anulação da norma - que já foi votada pela Câmara de Representantes - ocorra ainda neste fim de semana e seja apenas um trâmite.

O tema tem provocado um intenso debate na sociedade americana nos últimos meses, envolvendo personalidades como a cantora Lady Gaga, que difundiu várias mensagens na internet a favor da supressão da lei, que qualifica de "discriminatória".

O Senado havia rejeitado, na semana passada, uma primeira versão da medida, que faz parte de um amplo projeto de lei de financiamento do Pentágono.

No entanto, a Câmara de Representantes aprovou, em maio, a abolição da lei que obriga os gays e lésbicas das Forças Armadas americanas a esconder sua orientação sexual sob a ameaça da expulsão.

Após o fracasso que supôs o repúdio do Senado, representantes das duas câmaras e das duas forças políticas decidiram propor um novo projeto de lei independente, isto é, que não dependesse de outro texto.

A Câmara de Representantes aprovou a nova proposta por 250 votos a favor e 175 contra.

Esperava-se uma oposição maior no Senado, apesar de que o senador independente Joe Lieberman havia antecipado na sexta-feira que "dispomos dos votos, é o momento de fazê-lo", em declarações à CNN.

No partido republicano continua havendo senadores contrários ao acordo desde o começo, embora alguns, como as centristas Susan Collins e Olympia Snowe se uniram à maioria que apóia a questão.

Os republicanos expuseram que vários altos comandos das Forças Armadas americanas se opõem à abolição, entre eles o general James Amos, chefe da Marinha.

Obama manifestou várias vezes o desejo de abolir a lei "Don;t ask, don;t tell" antes do fim do ano.

O chefe de Estado-maior conjunto dos Estados Unidos, o almirante Michael Mullen, assegurou recentemente que os soldados americanos estavam preparados para abolir o texto controvertido.

A lei, que foi revisada pela Justiça americana em vista de seu caráter discriminatório, provocou desde sua aprovação, em 1993, a saída de 14.000 soldados por causa de sua homossexualidade, segundo várias associações.

Um estudo do Pentágono revelou, no fim de novembro, que 70% de 115.000 militares e 44.000 parceiros de militares interrogados são favoráveis à anulação da lei, mas alguns representantes republicanos das duas câmaras temem que a suspensão ameace a eficácia dos soldados em combate.