A estratégia do presidente Barack Obama de aumentar o número de militares conteve o avanço dos talibãs em grande parte do Afeganistão, mas as conquistas continuam sendo frágeis e reversíveis, destaca um relatório oficial americano divulgado nesta quinta-feira (16/12).
A análise afirma que alguns aspectos da estratégia estão dando resultados, depois do ano mais violento do conflito, mas muitas conquistas obtidas nos nove anos de guerra continuam sendo reversíveis.
O informe destaca que a liderança da Al-Qaeda no Paquistão passa pelo momento de maior fragilidade desde o começo da guerra, iniciada após os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.
Obama apresentará as conclusões à imprensa nesta quinta-feira, antes da secretária de Estado, Hillary Clinton, e do secretário de Defesa, Robert Gates, apresentarem os detalhes da campanha militar no Afeganistão.
O avanço citado permitirá uma "redução responsável" das forças americanas no Afeganistão, que atualmente contam com 100.000 soldados, a partir de julho do próximo ano, mas a transferência total do controle da segurança aos afegãos só deve acontecer em 2014.
A aliança antiterrorista dos Estados Unidos com o Paquistão foi "importante", mas também "irregular", no último ano, desde que Obama prometeu forjar uma relação de confiança e respeito com Islamabad, de acordo com o relatório.
O estudo, produto de uma análise de todos os aspectos da estratégia dos Estados Unidos, é divulgado no momento em que o país enfrenta o conflito mais longo de sua história no exterior, com um número de baixas de soldados americanos e civis afegãos aumenta cada vez maior.
Obama ligou para o presidente afegão Hamid Karzai antes da divulgação do informe e os dois concordaram em insistir na área de refúgio dos terroristas, segundo o governo de Cabul.
Os termos aparentemente fazem referência ao cinturão tribal semiautônomo do Paquistão, na fronteira com o Afeganistão, onde estão refugiados os talibãs que operam no Afeganistão e a direção da Al-Qaeda.
De acordo com um resumo do documento divulgado pela Casa Branca, não estão previstas mudanças importantes na estratégia, mas alguns aspectos do enfoque dos Estados Unidos, especialmente no Paquistão, devem ser revisados. "A cúpula da Al-Qaeda no Paquistão está frágil e sob importante pressão mais que em qualquer outro momento desde que fugiu do Afeganistão em 2001", afirma o relatório.
"No Paquistão, estamos estabelecendo a criação de uma associação estratégica baseada no respeito e na confiança mútua, por meio de um diálogo maior, uma cooperação melhor e uma troca maior de informações e programas de assistência".
"E no Afeganistão, o progresso alcançado pelos talibãs nos anos recentes foi contido em grande parte do país e revertido em algumas áreas chave, mas as conquistas continuam sendo frágeis e reversíveis".
"Apesar de a estratégia mostrar progressos nas três áreas avaliadas, Al-Qaeda, Paquistão e Afeganistão, o desafio é que nossas conquistas sejam duradouras e sustentáveis".