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Fundador do site WikiLeaks continuará preso pelo menos até esta quinta

Exatamente uma semana após ter a prisão preventiva decretada em Londres, o fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, de 39 anos, teve ontem sua libertação provisória concedida. No entanto, o australiano continuará preso pelo menos até amanhã, já que a promotoria sueca anunciou que vai recorrer da decisão no prazo de 48 horas. O ex-hacker, que tornou-se famoso por divulgar 250 mil telegramas confidenciais do Departamento de Estado norte-americano, é acusado de estupro e abuso sexual ; crimes que ele teria cometido na Suécia, durante as férias de verão. O juiz britânico Howard Riddle, do tribunal de Westminster, havia autorizado a libertação de Assange, condicionada ao pagamento de uma fiança estipulada em 240 mil libras (cerca de R$ 650 mil).

Eleito pelo voto popular como a personalidade do ano pela revista norte-americana Time, o acusado deveria usar uma pulseira eletrônica pela qual seria monitorado, fixar residência em Suffolk, no leste do Reino Unido, apresentar-se diariamente à polícia e respeitar horários para se recolher. Ao ser anunciada a medida judicial, Assange levantou o polegar em direção a seus advogados. Um deles, Mark Stephens, chegou a dizer indevidamente à imprensa que a Suécia não apelaria da ordem de fiança, fato negado pela advogada sueca Gemma Lindfield menos de 10 minutos depois. Estocolmo requer a extradição imediata de Assange.

Críticas
Cerca de seis horas antes da decisão de Riddle, Assange fez duras críticas às operadoras de cartões de crédito Visa e Mastercard, bem como à empresa de pagamentos pela internet PayPal, que bloquearam as doações ao WikiLeaks desde que o australiano foi detido em Londres. ;Agora sabemos que essas empresas são instrumentos da política externa dos Estados Unidos. É algo que ignorávamos;, afirmou Assange, de dentro de uma penitenciária no Reino Unido, a sua mãe, Christine, que repassou o comunicado à emissora Channel 7, da Austrália .

Assange prometeu não se intimidar com a pressão exercida pelas três companhias sobre seu site. ;Continuo firme aos ideais que expressei. As circunstâncias não irão abalá-los;, garantiu, por meio de uma nota. Há pouco menos de duas semanas, as operadoras de cartões Visa e Mastercard anunciaram a suspensão das transferências para o WikiLeaks, enquanto a PayPal desativou a conta da página na internet ; que foi reativada, com restrições, na quarta-feira passada. As medidas deflagraram uma retaliação de hackers do mundo inteiro, que derrubaram os três sites internacionais.

Pesquisa
O vazamento dos documentos diplomáticos pelo WikiLeaks desde novembro é mal visto por cerca de dois terços da população dos Estados Unidos, país mais afetado com a publicação dessas informações. Segundo pesquisa da rede de TV ABC News, 59% dos norte-americanos acham que Assange deve ser preso e processado por ter divulgado os documentos. Apenas 29% dos entrevistados responderam que o assunto não diz respeito à Justiça penal. Além disso, 68% consideram que a divulgação das mensagens diplomáticas dos Estados Unidos ;prejudica o interesse público;, contra 20% que pensam o contrário.