Pequim - Uma associação chinesa até agora desconhecida anunciou nesta quarta-feira (8/12) que vai conceder na quinta-feira um "prêmio da paz" ao ex-vice-presidente taiwanês Lien Chan, às vésperas da entrega em Oslo do Nobel da Paz ao dissidente chinês preso Liu Xiaobo.
O "Prêmio da Paz Confúcio" será atribuído ao ex-vice-presidente de Taiwan Lien Chan, informou à AFP Tan Changliu, um dos organizadores da iniciativa, acrescentando que não sabia se Lien vai receber o prêmio.
Tan se recusou a precisar quem financiava o prêmio, dotado de 100 mil iuanes (US$ 15,2 mil) e afirmou que a associação não está vinculada ao governo chinês.
O "Prêmio da Paz Confúcio" será concedido um dia antes da cerimônia de entrega do prêmio Nobel da Paz 2010, em Oslo, sem a presença do agraciado, condenado pelas autoridades chinesas a 11 anos de prisião pelas convicções democráticas.
O anúncio do Prêmio Confúcio foi publicado em um site budista chinês. Entre os outros candidatos figuravam Nelson Mandela, Nobel da Paz e símbolo da luta contra o apartheid na África do Sul, e o milionário americano Bill Gates.
Indignada pela eleição do comitê Nobel, a China pressionou nas últimas semanas diplomatas e partidários dos Direitos Humanos para que não participem na cerimônia de entrega do prêmio.
A porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Jiang Yu, chamou na terça-feira de "palhaços" os membros do comitê Nobel que entregarão simbolicamente a honraria a Liu Xiaobo.
Segundo Jiang Yu, muitos países não assistirão à cerimônia, o que foi desmentido depois pelo comitê do Nobel.
Lien Chan, que ganhou o prêmio Confúcio, é um alto dirigente político que favoreceu a aproximação entre Pequim e Taiwan.
Lien se reuniu em várias ocasiões com o presidente chinês Hu Jintao, algo excepcional tendo em conta que Taiwan é independente de fato da China comunista há mais de 60 anos.