Genebra - As discussões sobre o tema nuclear entre o Grupo dos 5%2b1 e o Irã, que terminaram nesta terça-feira (7/12), em Genebra depois de dois dias de reuniões, serão retomadas no fim de janeiro em Istambul para discutir a cooperação e encontrar pontos em comum, assinalou à AFP uma fonte iraniana.
As discussões entre a chefe da diplomacia europeia, a britânica Catherine Ashton, que cumpriu um papel de mediadora, o negociador do Irã, Said Jalili, e os chefes das delegações do Grupo dos 5%2b1 concluíram nesta terça-feira depois de terem sido interrompidas durante 14 meses.
Ashton explicou que "os países que representa estão unidos para resolver as preocupações da comunidade internacional sobre o programa nuclear iraniano, questão central das discussões".
A chefe da diplomacia europeia destacou que as discussões foram "detalhadas e substanciais, centradas no programa nuclear iraniano e na necessidade de Teerã se ajustar a suas obrigações internacionais".
Ashton acrescentou que os Seis (Estados Unidos, Rússia, China, França, Grã-Bretanha e Alemanha) preveem buscar na próxima reunião de Istambul "meios de cooperação para resolver as principais preocupações sobre a questão nuclear".
Já Said Jalili, chefe da delegação iraniana nas discussões, afirmou que "o único acordo aprovado pelos Seis e por nós se resume no seguinte: ;continuação do diálogo em Istambul para a cooperação baseada em pontos comuns;. "Qualquer outra declaração foge ao acordo".
Jalili destacou que qualquer discussão entre as potências mundiais e o país sobre o polêmico programa nuclear iraniano deve ter como base a cooperação, e não a pressão.
"Precisamos ter e organizar conversações que sejam baseadas na cooperação, e não em pressões. Uma estratégia dupla não ajuda - não ajudará as negociações a alcançarem um resultado frutífero", acrescentou.
Além disso, o chefe da delegação iraniana voltou a dizer que Teerã não concordará em suspender o enriquecimento de urânio sob nenhuma circunstância.
As negociações serão retomadas "no fim de janeiro em Istambul", para discutir "a cooperação e encontrar pontos em comum", indicou Jalili à AFP.
O Grupo dos 5%2b1 é integrado pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU - Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia e China - e pela Alemanha.
Antes da reunião, Jalili havia declarado à agência Fars que "os direitos do Irã (na questão nuclear) não são negociáveis e não podem fazer parte da temática das discussões". "A República Islâmica do Irã aceita estas negociações apenas em um espírito de cooperação (...), e rejeita qualquer lógica de pressão", insistiu.
A chefe da diplomacia americana, Hillary Clinton, também admitiu pela primeira vez que Teerã poderia, uma vez esclarecidas suas intenções e "demonstrando que podem fazê-lo de forma responsável", enriquecer urânio com a anuência das grandes potências.
"Este tipo de declaração é um passo positivo. O importante é que os países que estão negociando (conosco) reconheçam nosso direito", disse nesta terça-feira em Teerã o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast.
"O reconhecimento do direito de nosso país ao ciclo de combustível pode trazer uma grande cooperação nas atividades nucleares pacíficas", estimou.
Em relação às sanções adotadas pela ONU, o presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad afirmou nesta terça-feira que as negociações para resolver a questão nuclear só serão bem sucedidas se estas forem suspensas.
"Se vocês anularem todas as coisas feias e as decisões erradas que tomaram (...), se suspenderem as resoluções, as sanções, assim como as restrições que nos impuseram (...), então as negociações serão produtivas", afirmou Ahmadinejad.