Abidjan - Duas pessoas morreram aparentemente por disparos das forças de segurança na madrugada deste sábado (4/12) em um bairro popular da capital Abidjan, onde partidários do presidente Laurent Gbagbo e de seu adversário Alassane Ouattara se enfrentam em função da crise desatada por divergências eleitorais.
Um jornalilsta da AFP constatou que havia dois corpos no chão de uma rua.
Violentos disparos das forças de segurança, alguns procedentes de armas pesadas, foram ouvidos durante a madrugada e deixaram buracos nos muros de concreto.
A Costa do Marfim se encontra numa crise depois que o Conselho Constitucional proclamou a vitória do atual presidente Laurent Gbagbo nas eleições de 28 de novembro, que, segundo a comissão eleitoral e a ONU, foi vencida por Alassane Ouattara.
No poder desde 2000, Laurent Gbagbo foi reeleito presidente com 51,45% dos votos, contra 48,55% dados ao rival, segundo resultados definitivos do segundo turno anunciados pelo presidente do Conselho, Paul Yao N;Dré, para a imprensa.
O Conselho Constitucional, liderado por um amigo do chefe de Estado, invalidou os resultados provisórios divulgados na quinta-feira pela Comissão Eleitoral Independente (CEI), que dava ao ex-primeiro-ministro Alassane Ouattara uma ampla vitória, por 54,1% contra 45,9%.
Isso foi feito "anulando" os votos em sete departamentos do norte, sob o controle do ex-movimento rebelde Forças Novas (FN) desde o golpe fracassado de 2002, e onde, segundo o grupo de Gbagbo, as eleições foram "fraudulentas".
O representante das Nações Unidas na Costa do Marfim, Youn-jin Choi, ameaçado de expulsão do país, se opôs à vitória anunciada de Laurent Gbagbo.
Antes do anúncio dos resultados definitivos, a chapa de Ouattara alertou contra um "golpe" de Gbagbo, rejeitando de antemão os anúncios do Conselho.
A ONU e as principais missões de observação internacionais consideraram que as eleições foram conduzidas de forma adequada, apesar dos incidentes às vezes violentos.
Eleito em 2000, em eleições controversas das quais foram excluídos o ex-presidente Henri Konan Bédié e Alassane Ouattara, Laurent Gbagbo permaneceu no poder em 2005 após o fim do seu mandato, ao invocar a crise decorrente da divisão do país. As eleições foram adiadas em diversas ocasiões.