Abidjan (Costa do Marfim) - A Costa do Marfim, com suas fronteiras fechadas e a recepção de televisões estrangeiras bloqueadas, se encontra nesta sexta-feira à beira de uma nova onda de violência política pela negativa dos aliados do presidente Laurent Gbagbo de reconhecer sua derrota eleitoral para a oposição.
Na quinta-feira, de forma inesperada, o presidente da Comissão Eleitoral Independente (CEI), Youssouf Bakauoko, anunciou a vitória do candidato opositor, o ex-primeiro-ministro Alassane Ouattara, com 54,1% dos votos contra 45,9% para Gbagbo.
Imediatamente depois, os resultados das eleições presidenciais de 28 de novembro não foram considerados válidos, segundo o presidente do Conselho Constitucional, Paul Yao N;dré, em declarações à tv pública.
"A Comissão Eleitoral Independente (CEI) esgotou seu prazo (fixado para quarta-feira a 0h) para apresentar os resultados preliminares", declarou.
O Conselho Constitucional deve se pronunciar sobre os requerimentos para "dar os resultados definitivos do segundo turno" nas "próximas horas", explicou.
A chapa do atual presidente, Laurent Gbagbo, dirigiu-se ao Conselho para anular os votos "fraudulentos" no norte do país, sob controle ex-rebelde desde 2002.
Nesse meio tempo, o Conselho Nacional de Comunicação Audiovisual (CNCA, público) ordenou "a suspensão por tempo indeterminado de todos os sinais das redes de rádio e televisão estrangeiras de informações internacionais", segundo um comunicado lido na televisão estatal.
Trata-se, segundo o CNCA, "de garantir a paz social fortemente afetada" no país.
As fronteiras da Costa do Marfim também foram fechadas na noite desta quinta-feira "até nova ordem", segundo anunciou o exército na TV pública.
"As fronteiras terrestres, aéreas e marítimas do país estão fechadas à circulação de pessoas e bens a partir desta quinta-feira" às 20H00 (locais, 18h00 de Brasília) "e até nova ordem", anunciou o Estado-maior em um comunicado.
Em Nova York, o Conselho de Segurança da ONU ameaçou "tomar as medidas apropriadas" contra aqueles que travarem o processo eleitoral na Costa do Marfim, após o anúncio de resultados das eleições.
"Os membros do Conselho de Segurança reafirmaram a vontade de tomar medidas apropriadas contra aqueles que obstaculizam o processo eleitoral e, em particular, contra o trabalho da Comissão Eleitoral Independente (CEI)", destacou Susan Rice, embaixadora dos Estados Unidos, perante a ONU e presidente em exercício do Conselho de Segurança até dezembro.