Cabul - O principal líder da oposição ao presidente afegão Hamid Karzai, Abdullah Abdullah, acusou nesta sexta-feira o governo de instrumentalizar a justiça para modificar os resultados das eleições legislativas de 18 de setembro, que terminaram com um retrocesso da aliança governista.
Mais cedo, um alto funcionário da Comissão de Queixas Eleitorais (ECC) denunciou pressões exercidas pela justiça e por aliados do governo para impedir a desqualificação de candidatos acusados de fraude.
"Alguns homens fortes e grupos de pressão do governo utilizam a promotoria para nos pressionar. O gabinete do procurador-geral tenta obter uma revanche contra nós", declarou o porta-voz do comissário da ECC, Ahmed Zia Rafat.
Quase 25% dos votos das eleições de 18 de setembro foram invalidados pela Comissão Eleitoral Independente (IEC), que também desqualificou 24 candidatos declarados vencedores pelos resultados preliminares.
Na quinta-feira, a justiça afegã anunciou uma investigação criminal por fraudes durante as eleições e convocou altos funcionários da IEC e da ECC, acusados de envolvimento e de terem recebido subornos.
O procurador-geral, Mohamed Ishaq Alko, o principal funcionário da justiça afegã, considerado muito próximo ao presidente Hamid Karzai, também criticou a IEC por ter proclamado na quarta-feira - dois meses depois das eleições - os resultados definitivos de maneira "prematura" e a ONU por ter aprovado os mesmos.