Washington - Os Estados Unidos deveriam fabricar, em larga escala, doses de vacinas contra o cólera para poder intervir rapidamente em caso de epidemias como a que castiga atualmente o Haiti, afirmaram três cientistas em carta publicada esta quarta-feira (24/11).
"Os custos de criação e de gestão de uma reserva de vários milhões de doses contra o cólera seriam baixos", escreveram Matthew Waldor, da faculdade de medicina da universidade de Harvard; Peter Hotez, da Universidade George Washington, e John Clemens, diretor do Instituto Internacional de Vacinas (International Vaccine Institute, IVI), na Coreia do Sul.
"Mas os benefícios humanitários de uma distribuição rápida de vacinas anticólera nas regiões que apresentam riscos elevados - como a capital haitiana, Porto Príncipe, que foi destruída por um terremoto, e onde 1,3 milhão de pessoas vivem em campos de refugiados - seriam enormes", continuaram os investigadores em sua carta publicada no New England Journal of Medicine.
A epidemia de cólera que castiga o Haiti desde o mês passado deixou 1.415 mortos e 56 mil afetados, segundo o último balanço do Ministério da Saúde haitiano.
"Se a vacina estivesse disponível atualmente estaria a tempo de fazê-la chegar às regiões que ainda não foram afetadas para estabilizar" a evolução da epidemia no Haiti, insistiram os cientistas.
Existem três vacinas diferentes contra o cólera, mas os fabricantes só têm 500 mil doses disponíveis, destacam os pesquisadores, "o que torna impossível encarar uma vacinação em larga escala das populações em risco".
Ter reservas de vacinas permitiria a Washington "contribuir para promover a estabilidade da paz internacional por meio de uma diplomacia das vacinas", destacaram os autores.
O cólera infecta de três a cinco milhões de pessoas e deixa entre 100 mil e 130 mil mortos ao ano no mundo.