Nova York (EUA) - A epidemia de cólera se espalha cada vez mais rápido no Haiti e o balanço das autoridades é subestimado, afirmaram esta terça-feira (23/11) autoridades da ONU, que defenderam os capacetes azuis nepaleses, acusados de terem provocado o surto da doença no país.
O balanço oficial subiu para 1.415 mortos, mas os especialistas calculam que o real se aproxime dos dois mil mortos e que a quantidade de casos declarados poderia atingir os 70 mil ao invés dos 60 mil informados pelas autoridades haitianas, informou o coordenador da ONU no Haiti, Nigel Fischer.
Segundo ele, a epidemia se acelera, e concordou com o prognóstico da Organização Panamericana da Saúde, na terça-feira, segundo o qual poderia haver 200 mil casos nos próximos três meses, ao invés dos seis meses anunciados oficialmente.
"A epidemia se desenvolve mais rápido e estamos em território desconhecido no Haiti" para tratar o cólera, que se apresenta pela primeira vez em mais de cinco décadas no país, disse Fischer à imprensa, por videoconferência, de Porto Príncipe.
Fisher destacou que a ONU teve que "aumentar de forma significativa" a resposta internacional.
O chefe da Missão da ONU no Haiti (MINUSTAH), Edmond Mulet, afirmou, por sua vez, que nenhum capacete azul, policial ou civil da ONU havia sido afetado pelo cólera, defendendo os nepaleses acusados por manifestantes de terem levado a doença para o país.
As amostras coletadas em banheiros, cozinhas e depósitos de água no acampamento dos nepaleses, perto da cidade de Mirebalais, foram negativos, insistiu Mulet.
"Não há prova científica de que o acampamento de Mirebalais seja a fonte desta doença", disse. Há "muita desinformação, muitos boatos sobre esta situação".