Berlim - O papa Pio XII foi "um dos grandes justos, que salvou mais judeus do que ninguém", declara Bento XVI em um livro de entrevistas intitulado "Luz do mundo", que será lançado na terça-feira.
Pio XII "fez todo o possível para salvar as pessoas", afirma o pontífice, segundo o livro.
Bento XVI menciona, por exemplo, o fato de o papa Pio XII ter escrito em 1938 a todos os bispos do mundo para que agissem a favor da entrega de vistos a todos os judeus que quisessem abandonar a Alemanha nazista.
"Naturalmente, sempre se pode perguntar: ;Por que não protestou com mais força?;. Acredito que viu as consequências que um protesto público poderia gerar", acrescenta o Papa.
"Pessoalmente, sofreu muitíssimo, sabemos disso. Sabia que deveria falar, entretanto, a situação o proibia", acrescenta.
No dia 19 de dezembro de 2009, Bento XVI proclamou Pio XII "venerável", última etapa antes da beatificação, suscitando protestos de diversas comunidades judaicas.
Vários líderes de comunidades judaicas acusam Pio XII de manter silêncio quando mais de mil judeus romanos foram deportados, em 16 de outubro de 1943, do gueto situado a poucos metros do Vaticano, do outro lado do rio Tibre. Poucos deles sobreviveram aos campos de concentração.
Mas a Igreja católica responde que Pio XII, papa entre 1939 e 1958, contribuiu para salvar judeus ao escondê-los em instituições religiosas.