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Haitianos entre em coflito com os capacetes azuis da ONU em Porto Príncipe

Porto Príncipe - Centenas de jovens haitianos ocuparam o centro de Porto Príncipe nesta quinta-feira (18/11), onde atacaram soldados brasileiros da força de paz da ONU e levantaram barricadas para protestar contra a epidemia de cólera, constatou a AFP.

Os manifestantes cercaram e atiraram pedras em um caminhão com soldados brasileiros da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), que tentaram afastar a multidão apontando as armas, sem sucesso.

Durante o confronto, um soldado caiu e foi atingido por várias pedras, mas conseguiu se levantar e embarcou no caminhão, que escapou levando os militares brasileiros.

Os jovens bloquearam com caçambas de lixo as ruas próximas ao Palácio Presidencial, surpreendendo o pequeno contingente da Minustah que patrulhava a zona.

Os manifestantes, que se reuniram na praça do Campo de Marte, bem perto do Palácio Presidencial, gritaram slogans em creole tais como "A Minustah nos trouxe a cólera". Um cartaz em creole também indicava "A Minustah joga excrementos na rua".

"Estamos contra o poder e contra a Minustah, que não fazem nada. A Minustah deveria pacificar o país e hoje estamos pior. A Minustah mata haitianos", disse Ladiou Novembre, um professor do ensino médio.

Os jovens tentaram chegar à base da Minustah em Gourdon, mas foram impedidos por militares não identificados, que fizeram disparos e atiraram bombas de gás lacrimogêneo. Os manifestantes recuaram então para a praça do Campo de Marte, diante do Palácio Presidencial.

Nos campos de refugiados da capital, onde milhares de pessoas vivem em barracas, jovens também enfrentaram as tropas da ONU lançando pedras, e foram reprimidos com bombas de gás lacrimogêneo.

Na véspera, um homem morreu baleado e várias pessoas ficaram feridas depois de choques entre capacetes azuis e manifestantes em Cap-Haitien, norte do país.

No início da semana, confrontos entre manifestantes e capacetes azuis deixaram dois mortos e 14 feridos em Cap-Haitien, além de seis soldados da ONU feridos em Hinche (centro).

A epidemia de cólera já causou mais de 1,1 mil mortos no Haiti desde outubro, e a situação deve se agravar em um país onde milhões de pessoas vivem em campos de refugiados desde o terremoto de 12 de janeiro, em condições higiênicas precárias.