Washington - Os Estados Unidos rejeitaram nesta segunda-feira as críticas do presidente afegão, Hamid Karzai, contra as operações militares americanas no Afeganistão, em mais um episódio da tensão entre Washington e Cabul.
No domingo, Karzai advertiu que os Estados Unidos devem reduzir o número de operações militares e sua "intromissão" na vida afegã, sob o risco de exacerbar a rebelião talibã.
Karzai afirmou que a presença de 100 mil soldados americanos no Afeganistão e, especialmente, os "terríveis" ataques noturnos das forças dos EUA contra os lares afegãos exacerbam as emoções no país e levam os jovens à rebelião.
"O povo afegão não gosta destes ataques. Se há algum ataque, deve ser realizado pelo governo afegão e sob as leis afegãs. Isto é um motivo de contínua divergência entre nós".
Nesta segunda-feira, a secretária americana de Estado, Hillary Clinton, defendeu as operações militares dos EUA no Afeganistão como um recurso importante para a estabilização do país.
"Acreditamos que o recurso a ações de inteligência com alvos precisos contra insurgentes é de grande importância e (...) um ingrediente chave de nossas abrangentes operações civis-militares".
Clinton destacou que "tais operações são realizadas em total cooperação com o governo do Afeganistão", mas acrescentou que os Estados Unidos seguem sendo "muito sensíveis às preocupações" manifestadas por Karzai.
Já o chefe das forças internacionais no Afeganistão, general americano David Petraeus, se disse "surpreso e decepcionado" com as declarações de Karzai.
A nova polêmica ocorre no momento em que Washington, segundo o jornal The New York Times, prepara a apresentação de um plano de transferência das missões de combate às forças afegãs em algumas zonas do país, nos próximos 18 a 24 meses.
O plano seria divulgado no próximo final de semana, durante a Cúpula da Otan em Lisboa.
O presidente americano, Barack Obama, garantiu no final de 2009 que sua intenção era iniciar em meados de 2011 a retirada das tropas americanas do Afeganistão.