O presidente francês, Nicolas Sarkozy, aproveitou o remanejamento do governo para suprimir o ministério da Identidade Nacional, denunciado desde sua criação, em 2007, como tentativa de conquistar o eleitorado da ultradireita.
A imigração ficará com o ministério do Interior.
A criação do ministério de Imigração e Identidade Nacional havia sido motivo de indignação na esquerda e nas organizações de luta contra o racismo, que denunciavam um ministério "da vergonha" e um "insulto aos imigrantes", contrário à "tradição republicana".
No entanto, seu desaparecimento não dissipou as preocupações, segundo o presidente do SOS Racismo, Dominique Sopo.
Esse ministério havia causado mal-estar desde sua criação, inclusive na maioria governante de direita.
Foi atacado por ter permitido uma espécie de "liberação" de declarações racistas, por ocasião de um frustrado debate sobre a identidade nacional organizado no final de 2009 pelo então ministro Eric Besson, um desertor do Partido Socialista.
Somou-se ao debate a questão do lugar do Islã na sociedade francesa, que possui a maior comunidade muçulmana da Europa, com seis milhões de pessoas, até ser aprovada a iniciativa governamental --que já é lei-- de proibir o uso do véu islâmico integral nas repartições e espaços públicos.
No novo governo, o encarregado da imigração será o ministro do Interior, Brice Hortefeux, muito ligado ao presidente Sarkozy, que já dirigiu esse ministério.
Ao vincular imigração e interior, o governo estabelece "uma ligação entre imigração e insegurança", denunciou a deputada socialista Sandrine Mazetier.
O Conselho Representativo de Associações Negras (CRAN) surpreendeu-se de que Sarkozy mantenha à frente do Interior "Brice Hortefeux (...) condenado em primeira instância" em junho passado por injúria racista.
Hortefeux incentivou, ainda, a expulsão de ciganos acampados, procedentes da Bulgária ou da Romênia.