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Berlusconi enfrenta a demissão de quatro ministros do gabinete

Roma - Quatro membros de maior importância do gabinete de Silvio Berlusconi apresentaram nesta segunda-feira (15/11) a renúncia "irrevogável", intensificando o impasse político na Itália, informaram fontes oficiais.

São eles o ministro para a Política Europeia, Andrea Ronchi, o vice-ministro do Desenvolvimento, Adolfo Urso e os secretários de Estado para Agricultura, Antonio Buonfiglio, e Meio Ambiente, Roberto Menia, informaram fontes do novo partido ao qual aderiram formalmente, o Futuro e Liberdade para a Itália (FLI).

Também pediu demissão um quinto membro do executivo, Giuseppe Maria Reina, secretário de Estado de Infraestrutura e Transporte, do pequeno partido siciliano MPA, aliado de Fini.

Com a saída dos dissidentes do governo conservador, o primeiro-ministro Berlusconi será obrigado a reformar o gabinete, depois de perder o apoio de um dos principais aliados, Gianfranco Fini, presidente da Câmara de Deputados e líder do FLI.

O magnata e primeiro-ministro italiano se nega a renunciar ao cargo apesar dos pedidos feitos tanto pela oposição de esquerda quanto pelos antigos aliados, em meio a uma grave situação de paralisia econômica, somada a revelações de escândalos sexuais.

O magnata e chefe de governo italiano, que passou parte da semana na Coreia do Sul por ocasião da cúpula do G20, recusa-se a abrir uma nova fase de negociações, após ter perdido apoio do então principal aliado.

Uma guerra de moções, uma favorável no Senado, onde o primeiro-ministro goza de ampla maioria, e outra contra, apresentada pela oposição de esquerda na Câmara de Deputados, onde perdeu a maioria, retratam o clima de confusão e ansiedade que predomina na península e que muitos editorialistas qualificam de "fim de um regime".

O alto escalão do Partido da Liberdade (PdL) ergueu uma verdadeira muralha de proteção ao redor de seu líder e advertiu que não aceitará formar um novo governo "com outro premier".

Para acalmar os ânimos, o porta-voz do PdL na Câmara de Deputados, Fabrizio Cicchitto, prometeu que será verificado se o governo goza de maioria no Parlamento e, se o apoio se confirmar, "seguirá adiante".

Chichitto quer que se respeite o calendário e se vote primeiro a lei orçamentária, "uma prioridade em um momento de crise econômica", e adiar as votações das moções, o que serviria para evitar eleições antecipadas ou a formação de um governo "técnico", com duração limitada.

O semanário L;Espresso trouxe, na capa da edição desta sexta-feira, uma foto da estátua do imperador romano Berlusconi que desmorona, resumindo em uma imagem a sensação que muitos observadores, cientistas políticos e editorialistas descrevem como "o desmoronamento geral".

"O colapso de Pompeia, as inundações no Veneto, a agonia da maioria, a economia paralisada, sem falar das prostitutas e das ;bunga bunga; (orgias). É preciso reconstruir a Itália", resumiu a revista.

Além das brigas entre a chamada casta política, das quais não se pode prever o resultado, o principal líder do país há quinze anos está afundado na desmoralização.

"Berlusconi está com as horas contadas. Em pouco tempo a Itália se livrará de um câncer que tem destruído a economia nacional, desonrado as instituições e manchado os valores morais", disparou Leoluca Orlando, do movimento anticorrupção "Itália dos Valores".

Os excessos e abusos do magnata das comunicações no exercício do poder tem suscitado críticas e protestos de meios de comunicação, industriais e inclusive da Igreja italiana.

Dois vídeos divulgados semana passada, nos quais jovens esculturais são vistas entrando na residência privada do primeiro-ministro sem serem submetidas a controles, contribuíram para sujar ainda mais a imagem de Berlusconi, já gravemente afetada após o escândalo Ruby, uma menor de idade marroquina.

Este caso revelou que o chefe do Executivo chegou a intervir junto ao poder policial para liberar a jovem, acusada de roubar euros e jóias de uma amiga.