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Epidemia de cólera ameaça 200 mil haitianos

ONU faz apelo para arrecadar R$ 283 milhões e evitar que situação saia do controle

A epidemia de cólera no Haiti ganha dimensões cada vez mais dramáticas. Desde o registro do primeiro caso da doença, no mês passado, 796 pessoas morreram, a maioria no Departamento de Arbitonite (norte do país), considerado o principal foco da enfermidade. No momento, mais de 12 mil estão hospitalizadas. Segundo as estimativas de especialistas, 200 mil pessoas estão ameaçadas. Diante da extrema gravidade da situação, a Organização das Nações Unidas (ONU) fez ontem um apelo à comunidade internacional para arrecadar, com urgência, US$ 163,8 milhões (R$ 282,3 milhões) e tentar impedir que a epidemia saia de controle.

"Precisamos absolutamente desse dinheiro o mais rápido possível para evitar que sejamos superados por essa epidemia", afirmou a porta-voz do Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU, Elisabeth Byrs. Ela acredita que posteriormente mais recursos terão que ser investidos. "Já foi realizado um esforço considerável, mas a quantidade de material de ajuda que deve ser distribuído nos dias e nas semanas que virão pede mais apoio logístico e financeiro para o governo (do Haiti) por parte das agências humanitárias e dos doadores", explica. Os fundos arrecadados permitirão oferecer sobretudo tratamentos sanitários, de saneamento e higiene.

De acordo com o balanço mais recente do Ministério da Saúde do Haiti, 497 mortes, ou seja, mais de dois terços do total, foram registradas no departamento de Artibonite. Entretanto, na avaliação das organizações internacionais, a situação é potencialmente mais preocupante em Porto Príncipe, a capital superpovoada do país, onde 1 milhão de pessoas vivem em condições sanitárias precárias desde o terremoto de 12 de janeiro. Treze pessoas morreram lá em decorrência da doença.

Segundo o mapeamento da doença feito pela ONU, dos 10 departamentos do Haiti, cinco estão diretamente atingidos pela epidemia. A organização prevê que cerca de 200 mil pessoas manifestarão sintomas de cólera, com diarreias leves e uma desidratação severa. "Os casos (de cólera) devem aparecer durante um surto da epidemia que ocorrerá de forma repentina em diferentes partes do país", preveem especialistas.