Washington - O ex-presidente americano George W. Bush escreve no livro de memórias, "Decision Points", lançado nesta terça-feira (9/11), que precisou resistir a pressões israelenses em 2007 para bombardear supostas instalações nucleares na Síria.
De acordo com o Bush, os pedidos israelenses não foram atendidos porque a inteligência americana não conseguiu confirmar se o local - "um prédio suspeito, bem escondido no deserto oriental da Síria" - era de fato um laboratório para o desenvolvimento de armamento atômico.
O ex-presidente indica que o então primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, pediu pelo telefone que os EUA lançassem um ataque aéreo sobre o edifício no começo de 2007. "George, estou lhe pedindo para bombardear o complexo (nuclear)".
"Obrigado por levantar esta questão", teria respondido o então presidente americano. "Me dê algum tempo para ver o que a inteligência possui a respeito e eu lhe darei uma resposta".
Bush conta que os principais assessores listaram as opções possíveis: um ataque da força aérea americana "poderia destruir o alvo, sem problemas. Mas bombardear um país soberano sem aviso ou justificativa anunciada geraria severas consequências".
Eles também consideraram optar por uma operação terrestre secreta, por acharem "arriscado demais enviar uma equipe à Síria com explosivos em número suficiente para fazer explodir as instalações". Também sugeriram um plano para tornar as suspeitas públicas, atraindo pressão diplomática sobre Damasco.
Bush teria procurado o então diretor da Agência Central de Inteligência americana (CIA), Michael Hayden, que o alertou sobre o fato de que analistas achavam pouco provável "um programa de armas nucleares sírio". A opinião provocou uma tensa discussão com Olmert.
"Não posso justificar um ataque contra uma nação soberana a menos que minhas agências de inteligência digam que há um projeto bélico", explica Bush no livro, afirmando que tentou convencer Olmert a optar pela via diplomática para resolver a questão.
"Preciso ser honesto e sincero com você: sua estratégia é muito estranha para mim", respondeu Olmert, alertando que Israel classificava o programa nuclear sírio como um problema "existente" que "atinge vários nervos deste país".
Israel atacou as supostas instalações nucleares em 6 de setembro de 2007.
Olmert "não me pediu uma luz verde (para o ataque), e eu não dei uma a ele. Ele fez o que acreditou ser necessário para proteger Israel", escreve Bush, afirmando que o bombardeio restaurou sua confiança em Israel em meio à desastrosa guerra contra o Hezbollah no Líbano, em 2006.