LONDRES - Em entrevista a um jornal britânico publicada nesta terça-feira (9/11), o ex-presidente americano, George W. Bush, defendeu a decisão de permitir que agentes de segurança submetessem suspeitos de terrorismo presos ao "afogamento". Ele afirmou que o método de tortura usado em interrogatórios ajudou a prevenir uma série de ataques no Reino Unido.
"Três pessoas passaram pelo "afogamento", e eu acredito que esta decisão salvou vidas", afirmou Bush ao jornal The Times. "Esses interrogatórios nos ajudaram a desmantelar planos destinados a atacar representações diplomáticas no exterior, além dos aeroportos de Heathrow e Canary Wharf, em Londres, e de vários alvos nos Estados Unidos", escreveu Bush em seu novo livro de memórias, Decision Points.
O ex-presidente disse ainda que ele "certamente" autorizou o uso do polêmico método durante o interrogatório de Khalid Sheikh Mohammed, mentor dos ataques de 11 de setembro de 2001.
O Reino Unido considera o "afogamento" uma técnica de tortura. O diretor dos Serviços Secretos britânicos, John Sawers, descreveu o uso de tortura como "ilegal e repugnante". Londres foi um aliado fundamental quando Bush decidiu invadir o Iraque em 2003, relacionamento que provocou a ira do público britânico.
"Não importa como as pessoas enxergam isso na Inglaterra", destacou Bush. "Simplesmente não importa mais. E, francamente, às vezes não importou mesmo na época", admitiu o ex-presidente americano.
Bush revelou que o então primeiro-ministro britânico Tony Blair preparou-se para sacrificar o próprio cargo e seu governo para auxiliar os Estados Unidos na invasão.
Às vésperas da guerra, com a ameça de um voto de desconfiança no Congresso contra Blair, Bush disse a ele que reconsiderasse seu apoio para ser poupado. "Eu preferia ter Tony com sua sabedoria e seu pensamento estratégico como primeiro-ministro de um aliado importante do que vê-lo perder o governo", ponderou Bush. "Estou dentro. Se me custar o governo, tudo bem", teria sido a resposta de Blair.
George W. Bush, que voltou aos holofotes esta semana com o lançamento de Decision Points, defende no livro sua "guerra ao terror" e a invasão ao Iraque. O título chega às livrarias uma semana depois das eleições legislativas nos Estados Unidos, que terminaram com um amargo revés para o Partido Democrata e uma surpreendente recuperação dos republicanos.
Decision Points terá tiragem inicial de 1,5 milhão de exemplares.