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Obama apoia a Índia como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU

Nova Délhi - O presidente americano Barack Obama ressaltou, no terceiro dia de visita à Índia, a força das relações entre este país e os Estados Unidos e apoiou o pedido de Nova Délhi para ser aceita como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.

Ao mesmo tempo, Obama se mostrou prudente quanto à espinhosa questão da Caxemira, região disputada entre Nova Délhi e Islamabad, e criticou o silêncio de Nova Délhi em relação à situação em Miamar.

Obama foi recebido com todas as honras na capital indiana, última etapa da visita, que começou no último sábado por Mumbai. Lá, afirmou que os dois países estão unidos contra o terrorismo e anunciou acordos comerciais bilaterais no valor de US$ 10 bilhões.

O presidente considerou que Estados Unidos e Índia impulsionam os princípios da democracia e dos direitos humanos, que frequentemente são ignorados no mundo, gerando conflitos e incompreensão entre as nações.

"Para nossos dois países, estar juntos para promover estes princípios nos fóruns internacionais pode ser incrivelmente forte e importante", disse Obama, em uma entrevista coletiva com o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh.

Pouco antes, Obama afirmou que as relações entre Washington e Nova Délhi serão "uma das grandes associações do século XXI", evocando a responsabilidade compartilhada pelas "duas maiores democracias do mundo" na "promoção da paz, da estabilidade e da prosperidade, não só para nossas duas nações, mas também para o mundo inteiro".

"A Índia não é simplesmente um país emergente, é agora uma potência mundial", declarou Barack Obama à imprensa, depois de passar em revista uma guarda de honra em uma cerimônia organizada no palácio presidencial.

Singh, por sua vez, garantiu que Índia e EUA vão trabalhar como "sócios iguais" para promover a paz e a estabilidade no mundo.

Especialistas de política externa estimam que os Estados Unidos apoiam a Índia no terreno econômico e diplomático por considerá-la um bom contrapeso frente a uma China cada vez mais poderosa.

Mas os elogios americanos se devem também ao fato de que o crescimento da economia indiana acontece e se consolida em um contexto de crise financeira que afetou profundamente os países ocidentais.

Os laços entre Nova Délhi e Washington, caracterizados pela desconfiança e, ocasionalmente, pela hostilidade (durante a Guerra Fria), tiveram um recomeço nos anos 90 por iniciativa do então presidente Bill Clinton, e desde então foram continuamente estimuladas pelo sucessor, George W. Bush.

Nesse sentido, Obama também expressou apoio à candidatura da Índia por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, reconhecendo a importância como potência mundial.

"A ordem internacional justa e sustentável que os Estados Unidos buscam incluem uma ONU eficiente, efetiva, crível e legitimada", disse Obama, ao discursar no parlamento indiano. "Isso é o que eu posso dizer hoje - nos anos que virão, eu espero que o Conselho de Segurança da ONU sofra uma reforma que inclua a Índia como membro permanente", acrescentou, no último dia da passagem pelo país.

Obama, no entanto, ponderou que a ascensão da Índia acarreta para o país mais responsabilidade.

"Mais poderes pressupõem mais responsabilidades", afirmou, aludindo ao silêncio do governo indiano sobre a questão de Mianmar. "Quando são suprimidos movimentos democráticos pacíficos, como em Mianmar, as democracias do mundo não podem ficar em silêncio", enfatizou. "Se puder ser franco, nos foros internacionais, a Índia geralmente evitou esses temas", disse ainda.

A respeito de Caxemira, Obama afirmou que os Estados Unidos não podem impor uma solução sobre a disputada região ou sobre qualquer outro conflito entre Índia e Paquistão.

"Acredito que Paquistão e Índia têm interesse em reduzir suas tensões" bilaterais, declarou Obama, depois de se reunir com o primeiro-ministro Manmohan Singh. "Mas os Estados Unidos não podem impor uma solução para estes problemas".

As palavras de Obama devem agora ser analisadas atentamente em outros países da Ásia, em particular a China, em função das implicações geopolíticas dos Estados Unidos na Índia antes das conversações entre os presidentes americano e chinês Hu Jintao previstas em Seul nesta semana.