Teerã - O Irã pediu neste domingo (7/11) que a retomada das negociações com as grandes potências sobre o polêmico programa nuclear, interrompidas há um ano, se realize na Turquia, país considerado por Teerã um aliado neste tema.
"Nos últimos dois ou três dias informamos aos nossos amigos turcos que aceitamos manter negociações com a Turquia", declarou este domingo o ministro das Relações Exteriores iraniano, Manuchehr Mottaki, durante entrevista coletiva.
A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, intermediária das grandes potências na questão do programa nuclear iraniano, reagiu afirmando que espera uma "proposta oficial do Irã" para examiná-la com os países do grupo 5 1.
Esse grupo é formado pelos membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas - Grã-Bretanha, China, França, Rússia, Estados Unidos - e Alemanha.
"Espero que cheguemos, em breve, a um acordo sobre a data e o conteúdo das negociações", afirmou Mottaki. "Somos muito otimistas sobre a possibilidade de começar estas negociações o quanto antes, em vista da atitude positiva e construtiva do Irã", acrescentou o ministro.
O Irã e o grupo 5 1 afirmaram no mês passado a vontade de retomar o diálogo - interrompido em outubro de 2009, após a recusa do Irã de uma oferta de troca de combustível nuclea - para tentar resolver o conflito sobre o controverso programa nuclear de Teerã.
As potências do grupo 5 1 propuseram inicialmente que as negociações fossem celebradas em Viena, de 15 a 18 de novembro.
O Irã aceitou o princípio de uma retomada do diálogo "depois de 10 de novembro", mas pediu que as duas partes entrassem em acordo sobre a data, o local, e sobretudo, o conteúdo das negociações.
Segundo a imprensa iraniana, Ali Bagheri, adjunto do principal negociador nuclear do Irã, Said Jalili, viajou na quinta-feira para a Turquia.
O jornal conservador Vatan Emrouz destacou, por sua vez, que as negociações entre o Irã e o grupo 5 1 serão celebradas no fim de novembro na Turquia.
A Turquia deu o aval de princípio para sediar as negociações, informaram por sua vez, este domingo, fontes diplomáticas turcas.
Segundo a imprensa iraniana, ao pedir que as negociações ocorram na Turquia e não em Viena, Teerã tenta implicar nas conversações um país considerado um aliado para contrabalançar o peso dos países ocidentais.
Ao lado do Brasil, o governo turco firmou em maio uma contraproposta iraniana de troca de combustível nuclear, com as grandes potências, que prevê o envio à Turquia de 1,2 mil quilos de urânico pouco enriquecido à espera de que seja trocado por combustível produzido pela Rússia e pela França para o reator nuclear e pesquisas de Teerã.
A proposta foi ignorada pelas grandes potências, que consideraram que o Irã só queria com ela ganhar tempo para evitar novas sanções internacionais.
A comunidade internacional suspeita que o Irã tente se dotar de uma arma nuclear, amparando-se no programa nuclear civil, o que a República Islâmica nega.
Teerã, cuja política de enriquecimento de urânio foi condenada várias vezes pela ONU, foi submetida a sanções internacionais, reforçadas este verão boreal.