WASHINGTON - O ex-presidente americano George W. Bush afirma em seu livro de memória que deu autorização para que agentes da CIA utilizassem a ténica de tortura conhecida como "submarino" com o cérebro dos ataques de 11/9, Khalid Sheikh Mohammed. A informação foi divulgada pelo Washington Post nesta quinta-feira (4/11).
"Com toda certeza", disse Bush, quando indagado pela CIA se eles podiam empregar a controversa técnica que simula o afogamento do interrogado.
O livro de memórias de Bush, Decision Points, será lançado na próxima semana. O ex-presidente teria afirmado ainda que acreditava que Mohammed possuía informações vitais sobre planos terroristas contra os Estados Unidos. Além disso, ele tomaria de novo a decisão de autorizar a tortura se isso significasse salvar a vida de americanos.
A CIA empregou a técnica com Mohammed e pelo menos outros dois presos em 2003, incluindo Abu Zubaydah, o primeiro membro de alto escalão da Al-Qaeda preso pelas autoridades americanas.
Depois de assumir o governo, o sucessor de Bush, presidente Barack Obama, e seu secretário da Justiça, Eric Holder, descreveram o "submarino" como um ato de tortura.
Na edição de quarta-feira, o New York Times afirmou que Bush também admite na obra que teve atritos com seu polêmico vice-presidente, Dick Cheney. Segundo o jornal, que obteve uma cópia do livro, Bush defende suas decisões e antecipa que a História o julgará de forma menos severa dos que os eleitores.
Ao falar Cheney, Bush disse que, durante semanas, considerou a proposta dele de sair da chapa eleitoral para a reeleição em 2004. "Considerei a oferta", disse Bush, segundo o Times. "Enquanto Dick nos ajudava com boa parte da nossa base eleitoral, ele se tornava um peso por causa das críticas da mídia e da esquerda". "Viam-no como um ser obscuro e sem alma", acrescentou.
O ex-presidente republicano considera justificada a invasão ao Iraque, afirmando que o povo daquele país "está melhor agora, com um governo que o atende e que não tortura e assassina". Admitiu, no entanto, ter se "sentido mal" ao tomar conhecimento da não existência de armas de destruição em massa no Iraque. Na época, a alegação usada para justificar a invasão americana.