JERUSALÉM - O governo de Israel suspendeu sua cooperação com a Unesco, em protesto contra a decisão do organismo da ONU de descrever o túmulo de Raquel - considerado lugar santo judeu em Belém, na Cisjordânia - como sendo, também, uma mesquita, segundo comunicado oficial desta quarta-feira.
O conselho executivo da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, as Ciências e a Cultura) aprovou em 21 de outubro cinco decisões relativas aos territórios palestinos e árabes ocupados, entre eles uma sobre "a mesquita Bilal Bin Rabah/Túmulo de Raquel em Belém", uma redação rejeitada por Israel.
O vice-ministro israelense das Relações Exteriores declarou que Israel havia "suspendido sua cooperação com a Unesco até que seja anulada a decisão", que qualifica de "nova tentativa de deslegitimar Israel, urdida pela Autoridade Palestina", segundo comunicado de seu escritório.
"Decisões como esta tornam ainda mais distante o processo de paz e causam danos à reputação da Unesco", considerou.
Paradoxalmente, Israel havia felicitado a eleição, em setembro de 2009, para a chefia da organização, da diplomata búlgara Irina Bokova, que concorreu com o ministro egípcio da Cultura, Farouk Hosni, acusado de propostas anti-israelenses e até antissemitas.
O túmulo no qual, segundo a tradição, repousa a matriarca bíblica Raquel, terceiro lugar santo do judaísmo, também é considerado lugar santo dos muçulmanos. Ele constitui um encrave sob controle do exército israelense na cidade autônoma palestina de Belém.