NEW YORK - O ex-presidente americano George W. Bush justifica, em um livro autobiográfico, que será publicano na semana que vem, o recurso à tortura e admite ter tido atritos com seu polêmico vice, Dick Cheney.
As memórias, intituladas "Decision Points" (Momentos decisivos, numa tradução livre), quebram o relativo silêncio que Bush se impôs desde que cedeu lugar na Casa Branca ao presidente Barack Obama, há dois anos.
Segundo o jornal New York Times, que obteve uma cópia do livro, Bush defende suas decisões e antecipa que a História o julgará menos severamente dos que os eleitores.
Além disso, defende sua decisão de autorizar o que denomina de "interrogatórios fortes", com técnicas de tortura como o submarino e outras, contra suspeitos de terrorismo.
Para ele, estas técnicas "salvaram vidas" e revela que a uma consulta da CIA sobre se o submarino deveria ser usado contra um dos cérebros dos atentados de 11 de setembro de 2001, respondeu, "lógico".
Ao falar de seu controverso vice-presidente, Bush disse que durante semanas considerou a proposta de Cheney de sair da chapa eleitoral para a reeleição em 2004.
"Considerei a oferta", disse Bush, segundo o Times. "Enquanto Dick nos ajudou com boa parte da nossa base eleitoral, também havia se tornado um peso por causa das críticas da mídia e da esquerda".
"Viam-no como um ser obscuro e sem alma", acrescentou.
Mas, finalmente, Bush considerou que Cheney "me ajuda a fazer meu trabalho" e decidiu mantê-lo outros quatro anos na Casa Branca.
O ex-presidente republicano considera justificada a invasão ao Iraque, afirmando que o povo daquele país "está melhor agora, com um governo que o atende, e que não tortura e assassina".
Admitiu ter se "sentido mal" ao tomar conhecimento da não existência de armas de destruição em massa no Iraque, alegação usada para justificar a invasão americana.