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Mais de 60 mortos numa onda de atentados coordenados em Bagdá

BAGDÁ - Sessenta e três pessoas morreram e 248 ficaram feridos nesta terça-feira (2/11) em uma série de 11 atentados com carro-bomba de forma sequenciada em vários bairros xiitas de Bagdá, informou o ministério do Interior. Esta é a segunda vez em três dias que a capital iraquiana é atingida por uma onda de violência. No domingo, um comando da Al-Qaeda atacou em plena missa a catedral siríaca católica, matando 53 pessoas, entre elas 46 fieis. As fontes do ministério do Interior informaram que os dois atentados mais importantes aconteceram contra restaurantes em Kazamiya (norte) e Husseiniya (leste). O primeiro causou 6 mortes e 26 feridos, e o segundo 4 mortos e 34 feridos. Em função de da coordenação dos atentados e os alvos escolhidos - bairros xiitas - esses ataques levam a marca da facção iraquiana da Al-Qaeda. Segundo as autoridades, esses ataques visam a arruinar os esforços do governo em atrair investidores estrangeiros, amedrontando-os diante de um cenário de instabilidade. Em 25 de agosto passado, 14 carros-bomba, em sua maioria conduzidos por camicases, foram explodidos com poucas horas de intervalo em várias cidades iraquianas, causando 53 mortos e e mais de 300 feridos. Esses atentados visavam à polícia local. Apesar de uma queda da violência no Iraque em relação aos anos 2006 e 2007 (o governo informou que o mês de outubro foi o menos sangrento desde novembro de 2009), sua capital continua sendo cenário de violentos atentados. Um total de 194 iraquianos morreram no mês passado, sendo que 53 morreram no domingo no ataque contra a Igreja católica no domingo. Centenas de pessoas participaram no funeral das vítimas do violento ataque de um comando da Al-Qaeda contra a igreja caldeia de São José, no bairro comercial de Karrada, perto da catedral de Sayidat al-Najat (Nossa Senhora do Perpétuo Socorro), onde ocorreu o massacre. "Eles vieram à igreja para rezar para Deus e para cumprir com seu dever religioso, mas a mão do diabo entrou neste lugar de culto para matar", disse em sua homilia o principal sacerdote cristão iraquiano, o cardeal Emmanuel III Delly, chefe da igreja caldeia. Apenas sete caixões estavam presentes no início do velório, interrompido várias vezes para a chegada de outros oito. A cada féretro trazido para dentro do templo, uma salva de aplausos era desatada pelas cerca de 700 pessoas que foram ao funeral, em um cenário decorado com várias coroas de flores. Estavam presentes no funeral representantes de todas as religiões, etnias e partidos políticos do país. O governo iraquiano anunciou nesta terça-feira que punirá os responsáveis pela segurança do bairro onde aconteceu o ataque. "O governo cuidará dos feridos, indenizará as famílias das vítimas e financiará imediatamente a reforma da igreja", indicou em um comunicado o porta-voz do governo, Ali al Dabagh. Antes da missa, uma procissão acompanhou os caixões dos dois padres assassinados no domingo - os padres Wasim Sabih, de 27 anos, e Athir, de 32 - até a igreja de São José. De acordo com relatos dos sobreviventes, um comando fortemente armado assaltou a catedral no domingo, pouco após o começo da missa. Nesta terça, o mais influente clérigo xiita iraquiano , o aiatolá Ali Sistani, uniu-se ao coro de condenações ao massacre. Com medo da violência, os cristãos iraquianos têm protagonizado um verdadeiro êxodo nos últimos anos: de 800.000 fiéis, passou a 500.000 desde 2003.