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Centenas de iraquianos choram vítimas de ataque a igreja de Bagdá

Centenas de pessoas lotaram nesta terça-feira (2/11) uma igreja do centro de Bagdá, onde foi organizado o funeral de várias vítimas do violento ataque de um comando da Al-Qaeda contra uma igreja católica siríaca da capital iraquiana, que deixou 53 mortos.

A missa começou pouco depois das 13H00 (08H00 de Brasília) na igreja caldeia de São José, no bairro comercial de Karrada, perto da catedral de Sayidat al-Najat (Nossa Senhora do Perpétuo Socorro), onde ocorreu o massacre.

"Eles vieram à igreja para rezar para Deus e para cumprir com seu dever religioso, mas a mão do diabo entrou neste lugar de culto para matar", disse em sua homilia o principal sacerdote cristão iraquiano, o cardeal Emmanuel III Delly, chefe da igreja caldeia.

Apenas sete caixões estavam presentes no início do velório, interrompido várias vezes para a chegada de outros oito. A cada féretro trazido para dentro do templo, uma salva de aplausos era desatada pelas cerca de 700 pessoas que foram ao funeral, em um cenário decorado com várias coroas de flores.

Segundo uma fonte do ministério do Interior, 46 fiéis morreram e 60 ficaram feridos no ataque, na tarde de domingo. Sete membros das forças de segurança também morreram na operação de resgate.

As orações pelas vítimas do ataque, um dos mais sangrentos já cometidos contra a comunidade cristã do Iraque, se misturavam ao pranto dos familiares, inconformados com o trágico episódio.

"Não temos medo da morte nem de ameaças", destacou o cardeal, depois das declarações de muitos cristãos, que no domingo confessaram que pretendem deixar o Iraque.

"Somos filhos deste país e permaneceremos no Iraque junto com nossos irmãos muçulmanos, para glorificar o nome do Iraque".

Estavam presentes no funeral representantes de todas as religiões, etnias e partidos políticos do país.

O governo iraquiano anunciou nesta terça-feira que punirá os responsáveis pela segurança do bairro onde aconteceu o ataque.

"O governo cuidará dos feridos, indenizará as famílias das vítimas e financiará imediatamente a reforma da igreja", indicou em um comunicado o porta-voz do governo, Ali al Dabagh.

Antes da missa, uma procissão acompanhou os caixões dos dois padres assassinados no domingo - os padres Wasim Sabih, de 27 anos, e Athir, de 32 - até a igreja de São José.

De acordo com relatos dos sobreviventes, um comando fortemente armado assaltou a catedral no domingo, pouco após o começo da missa.

O padre Athir "estava rezando e lendo uma passagem da Bíblia, quando os homens armados chegaram", contou o tio do sacerdote, Salem Ablahad Boutros, citando o depoimento dos sobreviventes.

"Ele disse: ;matem-me, mas deixem os fiéis em paz;", completou.

Testemunha ocular do ataque, um jovem de 24 anos contou o que viu da cena: "os homens armados disseram a ele: ;converta-se ao islã, porque você vai morrer de qualquer jeito;. Em seguida, atiraram em sua cabeça".

Nesta terça, o mais influente clérigo xiita iraquiano , o aiatolá Ali Sistani, uniu-se ao coro de condenações ao massacre.

Com medo da violência, os cristãos iraquianos têm protagonizado um verdadeiro êxodo nos últimos anos: de 800.000 fiéis, passou a 500.000 desde 2003.