O presidente da França, Nicolas Sarkozy, era o destinatário de um pacote-bomba encontrado ontem na capital da Grécia, Atenas. O pacote foi descoberto na empresa de entregas Swiss Mail após outro artefato, dirigido à embaixada do México, explodir e ferir, sem gravidade, uma funcionária da companhia. A explosão, de baixa potência, ocorreu quando a servidora manipulava a encomenda. Em seguida, a polícia lançou uma operação que permitiu deter dois suspeitos com mais três pacotes-bomba. ;Um dos explosivos tinha como destino o presidente da República Francesa, Nicolas Sarkozy;, afirmou a polícia grega à agência de notícias Reuters. ;Acreditamos que não haja ligação com a (rede terrorista) Al-Qaeda, mas ainda estamos investigando;, acrescentou.
O embrulho para Sarkozy estava com dois homens, de 22 e 24 anos, supostos extremistas gregos que integrariam o grupo anarquista Conspiração ; Núcleos de Fogo. Os suspeitos, segundo a polícia, portavam armas e colete à prova de balas ; um deles usava peruca e boné. Seriam as mesmas pessoas que deixaram o pacote que explodiu às 12h40 (8h40 em Brasília) na agência no bairro de Pangrati. Com a dupla também foi encontrado um artefato que seria entregue à embaixada da Bélgica e que, assim como o material destinado ao líder francês, foi detonado com segurança. ;O caso parece um tanto ridículo. Quanto a Sarkozy, é evidente que o pacote nunca chegaria ao destinatário;, contou à agência France Presse o porta-voz da polícia, Thanassis Kokalakis.
Uma quarta encomenda foi encontrada em outra agência de correios em Pangrati. Esse pacote, também destruído pela polícia, seria deixado na embaixada da Holanda. França, Bélgica e Holanda têm em comum o fato de terem adotado recentemente leis que proíbem o uso do véu islâmico em áreas públicas. A Grécia não tem histórico de presença de grupos terroristas muçulmanos, mas registra ações armadas da extrema esquerda, tendo como alvos o próprio governo grego, os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Tais organizações reivindicam a autoria de ataques com explosivos ocorridos no país desde 2008, quando a polícia matou um adolescente em Atenas.
Explosivos
As tentativas de atentado na Grécia ocorreram três dias depois de dois pacotes-bomba provenientes do Iêmen serem apreendidos em dois aviões comerciais que tinham os Estados Unidos como destino final. Um foi encontrado em Dubai (nos Emirados Árabes) e o outro chegou ao Reino Unido. Como medida de segurança, autoridades iemenitas garantem ter reforçado a vigilância nos voos que saem do país. Ainda assim, a França, no sábado, fechou o espaço aéreo para aviões originários do Iêmen, providência adotada ontem pela Alemanha.
Informante da Al-Qaeda
Jaber Al-Faifi, desertor da rede terrorista Al-Qaeda que se entregou às autoridades da Arábia Saudita há duas semanas, teria fornecido dados sobre o plano de explodir os dois aviões de passageiros com destino aos EUA. Segundo a rede britânica BBC, Al-Faifi deu detalhes sobre as bombas para as autoridades sauditas, que emitiram um alerta para EUA, Emirados Árabes e Reino Unido. Os explosivos estavam escondidos em cartuchos de tinta para impressoras. O terrorista renegado esteve detido na base americana de Guantánamo e, após ser libertado, teria sido recrutado novamente pela organização. A BBC destacou que ele tenha repassado a informação sobre os pacotes-bomba para as autoridades em troca de permissão para voltar à Arábia Saudita sem ser indiciado.