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Paris e Londres anunciam cooperação para criar uma força militar conjunta

LONDRES - França e Grã-Bretanha firmaram nesta segunda-feira (1;/11) acordos de cooperação em matéria de Defesa de uma abrangência sem precedentes, que preveem a criação de uma força militar conjunta e o uso compartilhado de porta-aviões e laboratórios nucleares.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, firmarão dois tratados durante uma reunião em Londres, segundo um funcionário britânico, que pediu para não ser identificado.

Os dois países poderão seguir como atores militares de dimensão internacional, mas adaptados a uma era de rigor orçamentário. Londres e Paris "conservarão o direito de deslocar suas forças armadas de forma independente", destacou o responsável.

Um primeiro tratado incluirá a criação de "uma força expedicionária conjunta" com entre 3.500 e 5.000 homens, que deverá iniciar seu treinamento no próximo ano. Esta nova força não será permanente e ficará encarregada de operações específicas, sob comando único. "Anunciaremos o que chamamos de força expedicionária conjunta, e não uma força militar permanente. É uma conjunção de forças armadas dos dois países que treinam e atuam juntas", destacou o funcionário britânico.

O tratado prevê que os dois países compartilharão seus porta-aviões a partir de 2020. A manutenção do novo avião de transporte A400M também será dividida.

Um segundo acordo estipula que os dois países poderão compartilhar sua tecnologia em matéria de testes nucleares em laboratório.

O uso compartilhado de alguns meios não afetará a independência das forças armadas dos dois países, garantiu o funcionário.

Ao anunciar nesta segunda-feira os acordos aos deputados, David Cameron tratou de tranquilizar os "eurocéticos" de seu partido conservador, que temem um abandono de prerrogativas em benefício da União Europeia (UE). O premier garantiu que o acordo com a França é fruto dos mesmos princípios adotados nas discussões sobre o orçamento e as reformas institucionais da UE. "O princípio é o mesmo. Associação sim, mas sem perder a soberania".

No domingo, o ministro da Defesa, Liam Fox, justificou a aproximação com a necessidade de se fazer uma "economia importante" em época de austeridade orçamentária, mas garantiu que trata-se de algo puramente bilateral, descartando o início de um "exército europeu que não queremos".