ISTAMBUL, 31 outubro 2010 (AFP) - Um atentado suicida cometido em pleno centro de Istambul deixou 32 feridos neste domingo, dia em que chegava ao fim uma trégua dos rebeldes curdos, considerados os principais suspeitos.
"Quinze policiais e 17 civis ficaram feridos em um atentado suicida", declarou à imprensa o governador de Istambul, Huseyin Avni Mutlu.
O homem-bomba morreu no ataque.
Um balanço anterior anunciado pelo chefe de polícia da maior cidade turca, Huseyin Capkin, registrava 22 feridos, 10 policiais e 12 civis.
O ministro do Interior, Besir Atalay, afirmou que é muito cedo para dizer quem está por trás do atentado.
Mas neste domingo chegou ao fim o cessar-fogo unilateral decretado pelos rebeldes curdos. O atentado também coincide com as celebrações do aniversário da República da Turquia, em 29 de outubro. Por estes motivos as suspeitas recaem sobre o PKK, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão.
Segundo Capkin, o terrorista tentou subir em um ônibus de policiais para detonar os explosivos e provocar o maior número possível de vítimas, mas ao que tudo indica um artefato foi acionado antes, o que evitou uma carnificina.
Testemunhas afirmaram que uma violenta explosão aconteceu às 10H30 (6H30 de Brasília) na esplanada da Praça de Tazsim, o centro nervoso da cidade. Algumas pessoas declararam que ouviram tiros após a explosão.
O local do ataque é o maior bairro comercial e de lazer da zona europeia da cidade, frequentado por milhares de pessoas todos os dias e vigiado pela polícia antidistúrbios 24 horas.
Depois do atentado, a polícia isolou a área e fechou várias ruas, incluindo a histórica via de pedestres Istiklal.
Em Mardin, uma cidade do sudeste do país com população majoritária curda, o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan denunciou o atentado terrorista.
"Não vamos tolerar ninguém que perturbe a tranquilidade, a estabilidade e a segurança da Turquia", disse.
O ataque aconteceu no momento em que o governo islâmico moderado turco tenta iniciar um processo para resolver a questão curda.
Ao que tudo indica, as autoridades incluíram no processo o líder do PKK, Abdullah ;calan, que cumpre pena de prisão perpétua, por meio de seus advogados, que atuam como intermediários.
No passado, membros do PKK e grupos de extrema esquerda já executaram atentados com bomba em Istambul, cidade de mais de 12 milhões de habitantes.
Especialistas ouvidos pela imprensa turca apontaram o PKK como resposável pelo atentado, já que a trégua unilateral decretada em meados de agosto contra as forças de Ancara chegou ao fim neste domingo.
O comandante militar do PKK, Murat Karayilan, no entanto, afirmou na semana pasada em uma entrevista que o grupo não atacaria civis e estava disposto a prolongar a trégua, caso o governo turco aceitasse um diálogo.
O PKK, que é considerado uma organização terrorista pelo governo turco e por vários países, luta pela autonomia do sudeste da Turquia. O conflito, iniciado em 1984, provocou 45.000 mortes desde então, segundo o Exército.
Segundo a agência turca Anatolia, este foi o terceiro atentado suicida cometido contra as forças de segurança no mesmo bairro de Istambul desde 1999.segurança no mesmo bairro de Istambul desde 1999.