O governo do Iêmen se encontra novamente sob forte pressão para lutar contra as redes da Al-Qaeda ativas em seu território, depois da interceptação em Dubai e na Grã-Bretanha de pacotes procedentes do país que aparentemente continham explosivos.
A presença da Al-Qaeda no Iêmen se tornou uma prioridade para os Estados Unidos depois da tentativa frustrada de atentado no Natal de 2009, na qual um jovem nigeriano que morou no pequeno país da Península Arábica tentou detonar explosivos em um avião que fazia a viagem entre Amsterdã (Holanda) e Detroit (EUA).
Neste sábado, um porta-voz do governo do Sanaa afirmou que o "Iêmen seguirá mobilizando esforços no âmbito da luta contra o terrorismo, em colaboração com a comunidade internacional".
Citado pela agência oficial Saba, o porta-voz afirmou que a determinação do Iêmen é justificada porque o "terrorismo é um perigo que ameaça todo o mundo".
Também confirmou que os serviços de segurança e as autoridades da aviação civil iniciaram uma investigação sobre os pacotes suspeitos, que acontece em coordenação com as autoridades dos Emirados Árabes Unidos, da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos.
A policía de Dubai confirmou neste sábado que o pacote suspeito procedente do Iêmen e interceptado no aeroporto do emirado continha explosivos e um sistema de detonação que são "a marca de organizações terroristas como a Al-Qaeda".
"A investigação sobre pacotes suspeitos procedentes do Iêmen identificados pela equipe de investigação por meio da empresa americana de transportes aéreos FedEx mostrou que um deles era uma impressora de computador cujo cartucho de tinta continha produtos explosivos", afirma um comunicado oficial.
"O artefato foi preparado de maneira profissional e dotado de um circuito elétrico conectado a um cartão de telefone celular oculto na impressora", completa o texto.
"A maneira como o artefato foi preparado tem características similares às utilizadas por grupos terroristas como a Al-Qaeda", conclui o comunicado.
O ministro iemenita das Relações Exteriores, Abu Bakr al-Kurbi, reconheceu na segunda-feira que a rede terrorista dispõe de centenas de combatentes no país, favorecidos pela difícil geografia deste Estado do Golfo, pelo apoio das tribos não leais ao regime e pela fragilidade do poder central que não controla tudo o que acontece em seu território.
Uma década depois do atentado contra o navio "USS Cole", que matou 17 americanos em 12 de outubro de 2000 no porto iemenita de Aden e que foi reivindicado pela Al-Qaeda, a organização terrorista de Osama Bin Laden prossegue em expansão no Iêmen e intensifica os atentados contra interesses econômicos e objetivos estrangeiros.
Na sexta-feira, o presidente americano Barack Obama declarou que Washington reforçará a cooperação com Sanaa com o objetivo de "evitar novos atentados e destruir o braço da Al-Qaeda na Península Arábica".
Obama explicou que seu conselheiro antiterrorista, John Brennan, conversou com o presidente do Iêmen, Ali Abdallah Saleh, cujos serviços secretos colaboram com os Estados Unidos para eliminar a Al-Qaeda, apesar de oficialmente as autoridades do país não confirmarem e, até mesmo, negarem por exemplo os ataques aéreos de aviões não tripulados americanos sobre os campos da Al-Qaeda no país.
O papel de Saleh na campanha contra a Al-Qaeda não é simples, já que precisa, ao mesmo tempo, satisfazer Washington e as tribos das quais seu governo é dependente de apoio para permanecer no poder.
Algumas tribos, por interesse ou indiferença, não colaboram com o poder central qcando este solicita, explica o analista Adel al-Chaye, professor na Universidade de Sanaa.
"Na perspectiva da sucessão ao governo, uma tribo como os Hached, que apoiam o presidente Saleh, se apresenta agora como concorrente e tenta reforçar esta posição com uma aliança com grupos que simpatizam com a Al-Qaeda", afirma.