JACARTA - O vulcão indonésio Merapi, que provocou a morte de 34 pessoas na terça-feira, voltou a entrar em erupção neste sábado, provocando a fuga de milhares de pessoas aterrorizadas com a nova explosão, enquanto tempo ruim prejudica a ajuda às vítimas do tsunami de segunda-feira.
A série de erupções é uma das duas catástrofes naturais que o país enfrenta desde o início da semana e que provocaram a morte de pelo menos 451 pessoas, segundo o balanço mais recente.
Mais de mil quilômetros ao norte do vulcão, as más condições meteorológicas dificultavam as tarefas de ajuda aos desabrigados pelo tsunami que devastou o arquipélago de Mentawai, no Oceano Índico.
O governo da Indonésia anunciou neste sábado que 135 pessoas declaradas desaparecidas foram encontradas vivas em uma das ilhas devastadas pelas ondas gigantes.
"As equipes de resgate encontraram algumas pessoas desaparecidas em uma zona alta da ilha Pagai Norte", declarou à AFP Agus Prahyitno, coordenador da gestão dos desastres.
De acordo com o alto funcionário, agora a lista de desaparecidos tem 163 nomes, contra os 298 anteriores.
A nova erupção do Merapi, que aconteceu às 1H00 (16H00 de Brasília, sexta-feira), foi mais forte e fez mais barulho que a de terça-feira, projetando cinzas a 20 km da cratere, segundo os moradores da região.
Ao contrário da erupção de terça-feira, a deste sábado não provocou mortes diretas, mas duas pessoas faleceram em um acidente de trânsito quando milhares de pessoas tentavam fugir, de madrugada, da área afetada.
Com as duas mortes, o balanço de óbitos relacionados com o Merapi desde terça-feira subiu para 38.
"Esta erupção foi duas vezes mais forte", afirmou Terman, que mora a 12 km da cratera. "Ouvi várias explosões que pareceram trovões. Estava tão assustada que o corpo todo tremia", disse Mukinem, uma habitante da região de 42 anos.
"Novas erupções vão acontecer, já que há uma grande quantidade de magma acumulado sob a cratera", informou Subandrio, um dos vulcanologistas que trabalha na supervisão das atividades do Merapi.
"No momento o vulcão é muito perigoso", completou, antes de anunciar que as autoridades ampliaram a 20 km o raio da zona de segurança ao redor do Merapi, que antes era de 10 km.
Quase 50.000 pessoas estão abrigadas em centros temporários abertos desde segunda-feira nas proximidades de Yogyakarta, a grande cidade vizinha.
As operações de ajuda aos desabrigados pelo tsunami são dificultadas pelas chuvas e o mar agitado, que impede o transporte de alimentos e medicamentos aos vilarejos pesqueiros devastados por uma onda de mais de 10 metros que arrasou até 300 metros da costa.
O material de ajuda está em Sikakap, a principal ilha de Pagai Norte.
"Uma grande quantidade de ajuda está disponível. Infelizmente, o número de barcos é insuficiente para distribuir a ajuda rapidamente", lamentou Suryadi, coordenador das operações, em resposta às críticas de muitos desabrigados pela lentidão do socorro.
Muitos países já anunciaram ajuda à Indonésia, como a Comissão Europeia, que liberou 1,5 milhão de euros (quase dois milhões de dólares).