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Peronismo lança Cristina Kirchner à reeleição em 2011

Presidenta deve disputar a reeleição no lugar de Néstor Kirchner, sepultado sob comoção

Em meio à comoção dos argentinos pela morte do ex-presidente Néstor Kirchner, o vácuo político deixado pelo líder peronista, tido como provável candidato à Presidência nas eleições de 2011, deve ser preenchido pela viúva e atual chefe de Estado, Cristina Kirchner. A afirmação, feita pelo ministro de Relações Exteriores, Héctor Timerman, contrasta com a cautela mantida pelo governo desde quarta-feira, quando Néstor morreu, aos 60 anos, de ataque cardíaco. ;Nós dizíamos que podia ser ;pinguim ou pinguim fêmea;, que podia ser ele ou ela. Agora, certamente será ela;, garantiu Timerman ao canal norte-americano CNN. ;Pinguim; era o apelido do ex-presidente, em referência à ave característica da Patagônia, sua terra natal, onde ele foi sepultado ontem.

;Cristina vai ser a candidata e vai ganhar as eleições, não tenho nenhuma dúvida;, destacou o chanceler. No entanto, Timerman reconheceu que a candidatura da presidenta à reeleição ainda não foi confirmada. ;É algo que ela tem de decidir, mas sabe que tem meu apoio;, explicou. Quanto às dúvidas sobre a capacidade de Cristina para governar sem a ajuda do marido, o ministro foi direto: ;Ela é uma líder política por direito próprio. Não é uma viúva que herda: é a condutora do governo porque foi eleita;, acrescentou.

As declarações de Timerman foram feitas durante o velório de Néstor, que durou 26 horas e terminou às 12h de ontem (13h em Brasília) na Casa Rosada, sede do governo da Argentina. Milhares de pessoas foram à cerimônia de despedida, que durou duas horas além do previsto, a pedido da presidenta, por causa das filas de até 2km na porta do Salão dos Patriotas, onde o corpo ficou exposto. Diante do caixão, populares entoaram lemas políticos, recitaram poemas, discursaram ou apenas deixaram cartas e flores para o ex-presidente. ;Obrigada, Néstor, nem um passo atrás!” e ;Força, Cristina!” foram algumas das frases mais repetidas.

O velório foi sucedido por um cortejo fúnebre liderado pela viúva e pelos dois filhos ; Máximo, 32 anos, e Florencia, 19 ; e acompanhado por milhares de argentinos, debaixo de chuva. O cortejo partiu da Casa Rosada em direção ao Aeroparque Jorge Newbery, de onde decolou o avião que levou o caixão do líder peronista para a cidade de Río Gallegos. No caminho havia vários cartazes em apoio à chefe de Estado, nos quais estava escrito: ;Néstor com Perón, o povo com Cristina;.

Sepultamento
Milhares de admiradores, correligionários e cidadãos em geral saudaram a passagem do corpo de Kirchner em Río Gallegos, capital da província de Santa Cruz, onde o avião pousou por volta das 17h30 (18h30 em Brasília). O sepultamento, no mausoléu da família, foi restrito a parentes próximos, funcionários do governo e amigos íntimos, entre eles o presidente da Venezuela, Hugo Chávez ; que, segundo o jornal El Clarín, tinha chegado à cidade ainda na quinta-feira.

A população se concentrava nas ruas para prestigiar Néstor desde as 12h (13h em Brasília), aglomerada na frente do aeroporto e do cemitério, respectivamente local de início e término do último cortejo. Até os postes de luz serviram para que os galleguenses mostrassem sua tristeza: eles serviram de suporte para colocar a bandeira do país a meio mastro, em sinal de luto.