Base Naval de Guantánamo - O jovem canadense Omar Khadr, acusado pelos Estados Unidos de cometer crimes de guerra, se declarou culpado nesta segunda-feira (25/10) de todas as acusações feitas contra ele ante o tribunal militar de exceção de Guantánamo, base naval americana em Cuba.
Khadr, de 24 anos, foi capturado pelos Estados Unidos aos 15, em 2002, no Afeganistão, e é acusado de lançar uma granada que matou um soldado americano e de ter preparado bombas artesanais com a intenção de matar militares americanos.
Durante audiência de uma hora, o juiz militar e coronel Patrick Parrish leu as cinco acusações das quais o jovem admitiu culpa: crimes de guerra, assassinato, complô, apoio material ao terrorismo e espionagem.
"O senhor se declara culpado por vontade própria?", perguntou o juiz. "Sim", respondeu Khadr, com a barba cerrada, vestindo camisa branca e gravata, e com a cabeça entre as mãos.
Último ocidental ainda preso em Guantánamo, Omar Khadr é filho de um canadense de origem egípcia, com vínculos com Osama bin Laden e morto em 2003 no Afeganistão.
O juiz militar, segundo quem o acordo amigável - que significa "uma sentença reduzida" - feito com Khadr, não será divulgado aos jurados enquanto eles não revelarem a pena, e suspendeu a audiência até a próxima terça-feira, após a leitura das acusações.
Os sete juízes militares, que não assistiram à audiência desta segunda, podem decidir puni-lo com uma pena superior à prevista no acordo, cujo conteúdo não conhecerão. Mas Omar Khadr cumprirá a sentença mais curta entre as duas, explicou o juiz. Segundo o magistrado, os anos que ele passou na prisão não serão levados em conta.
O acordo dá ainda garantias ao condenado, que poderá apelar, de pedir, depois de um ano, para cumprir o resto da pena no Canadá, um obstáculo que durante muito tempo bloqueou as negociações sobre um entendimento entre as partes.
De acordo com o jornal The Miami Herald, que citou um alto funcionário americano, a pena negociada é de oito anos, sete dos quais Khadr poderá cumprir no Canadá.
O advogado civil canadense de Khadr, Dennis Edney, disse à imprensa que o governo do país havia enviado "notas diplomáticas" neste sentido.
Segundo Edney, que denunciou "um processo judicial imperfeito", "Omar Khadr é uma vítima da política canadense e americana (...). É inocente, mas no fim das contas, se declarou culpado", afirmou.
Já o promotor militar John Murphy comemorou o andamento do processo: "Omar Khadr não é uma vítima (...), não é um menino soldado, é um assassino", disse, em declarações à imprensa.
Segundo ele, este dia seria um marco na história das comissões militares de exceção, postas em vigor por George W. Bush e reestabelecidas, após reforma, pela administração Obama para julgar alguns prisioneiros de Guantánamo.