Washington - Uma escassez de tiopental sódico, anestésico usado nas injeções letais, complicou as execuções nos Estados Unidos: alguns Estados tiveram que suspender a aplicação da pena capital, e outros obtiveram o fármaco, mas negam-se a revelar como, o que gera dúvidas sobre a eficiência.
A situação sem precedentes foi agravada por um prisioneiro com morte prevista para esta terça-feira. Ele pede que a execução seja suspensa, sob o argumento de que a droga que o estado de Arizona (oeste) pretende usar para anestesiá-lo pode ser falsa ou pouco segura.
Só uma companhia farmacêutica nos Estados Unidos, Hospira, produz atualmente o fármaco utilizado nas execuções, o tiopental sódico.
Mas o anestésico está esgotado e a empresa só vai reiniciar a produção no primeiro trimestre de 2011.
Alguns estados como Texas (sul) e Ohio (norte) têm quantidade suficiente do medicamento para cumprir o calendário de execuções; outros, como Kentucky (centro), viram-se obrigados a suspender as condenações.
O estado de Oklahoma pediu emprestadas algumas doses da droga ao vizinho Arkansas.
Num caso surpreendente, Califórnia (oeste) e Arizona anunciaram neste mês que conseguiram obter tiopental e que pretendem levar a cabo injeções letais, de acordo com documentos judiciais. As autoridades penitenciárias de ambos os estados negam-se a informar onde compraram o produto.
Para os advogados do condenado à morte no Arizona, Jeffrey Landrigan, preso por assassinato, com execução prevista para esta terça (26/10), a situação causa questionamentos sobre a segurança e a eficiência do medicamento usado.
"Landrigan enfrenta um importante risco de que o Departamento Correcional do Arizona tenha obtido, sem saber, uma droga falsa ou inviável", argumentaram os advogados numa petição à Corte Suprema do estado.
Os juristas assinalaram que Hospira é o único fabricante aprovado pela agência de controle de alimentos e medicamentos (FDA) nos Estados Unidos e que qualquer outro medicamento só poderia vir de outro país.