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Londres diz que não há espaço para maus-tratos de detentos no Iraque

LONDRES - "Não há espaço para os maus-tratos de detentos", declarou nesta segunda-feira (25/10) o porta-voz do primeiro-ministro britânico David Cameron, após a divulgação pelo site WikiLeaks de milhares de documentos do Pentágono que revelam que os americanos toleraram torturas durante a guerra do Iraque.

"Investigamos habitualmente qualquer acusação contra nossas tropas", declarou o porta-voz.

Segundo a imprensa britânica, alguns documentos mostrariam que as forças britânicas, que participaram na invasão do Iraque de março de 2003 ao lado dos Estados Unidos, entregaram detentos às autoridades iraquianas, apesar de terem o conhecimento de que corriam risco de tortura.

O porta-voz de Downing Street condenou a publicação dos documentos em termos similares aos das autoridades americanas. "Este tipo de vazamento pode colocar as vidas de oficiais britânicos ou de nossos aliados em risco e esta é a razão pela qual a condenamos", disse.

As forças britânicas deixaram o Iraque em julho de 2009, mas 100 oficiais permanecem no país para treinar os militares iraquianos. No domingo, o vice-premier britânico Nick Clegg qualificou as revelações do WikiLeaks como "extraordinariamente sérias".

"A leitura é inquietante e muito grave. Suponho que o governo dos EUA vai querer dar sua própria resposta. Não cabe a nós dizer como fazer isso", acrescentou o vice-primeiro ministro liberal-democrata, conhecido por ser contra a participação de Londres na guerra do Iraque, que já classificou como "ilegal".