Jornal Correio Braziliense

Mundo

Votação antecipada deixa republicanos eufóricos nos Estados Unidos

Se as eleições do próximo dia 2 seguirem a tendência apontada nos estados americanos que permitem a votação antecipada, os republicanos têm tudo para repetir o sucesso de 1994, quando tomaram dos democratas a maioria na Câmara e no Senado, durante o governo de Bill Clinton. Um levantamento publicado pelo site Politico em 20 estados mostra que, entre os que já votaram, a proporção de eleitores registrados como republicanos já é maior do que em 2006 e 2008. Na Flórida, na Pensilvânia, em Nevada e no Novo México ; estados com maior presença de democratas no último pleito ;, a oposição tinha conseguido levar, até o último sábado, mais pessoas às urnas. Para muitos, o ;entusiasmo; republicano é motivado pela ascensão do movimento ultraconservador Tea Party, que tem, no entanto, sua força como grupo questionada dentro do próprio partido.

De acordo com o levantamento divulgado pelo Politico, em 14 dos 15 estados onde os eleitores são registrados por partido os republicanos já superaram sua proporção nas urnas registrada em 2008. ;Incrivelmente, nós estamos liderando a votação até agora. É a primeira vez que isso acontece;, afirmou Daniel Conston, porta-voz do partido na Flórida, estado que registrou 42% de eleitores democratas na última eleição, contra apenas 36% de republicanos. Neste ano, porém, 53% dos moradores que já votaram estão registrados na oposição. Até em estados onde os democratas ainda lideram os votos antecipados, a diferença diminuiu, segundo a pesquisa. Na Califórnia, por exemplo, 43% dos eleitores que já compareceram às urnas são democratas, e 39%, republicanos. Na corrida presidencial de 2008, a diferença foi de 13 pontos percentuais.

Por onde passam, as caravanas democrata ; liderada pelo presidente Barack Obama e à qual o ex-presidente Bill Clinton aderiu na última semana ; e republicana ; o Tea Party Express ; têm pedido que os eleitores não apenas saiam de casa para votar, mas que o façam logo. ;Todos vocês precisam votar. Não há desculpa;, disse Obama a milhares de apoiadores de Minneapolis, onde fez campanha para o candidato democrata ao governo de Minnesota, Mark Dayton. O presidente, contudo, demonstrou preocupação com que os eleitores que votaram com os democratas mudem de lado agora. Hoje, Obama segue para seu último destino de campanha: Rhode Island. O Tea Party Express ainda percorrerá 15 estados até a próxima semana.

Defesa de peso
Para manter os bons resultados obtidos, aparentemente, pela atuação do Tea Party, no entanto, os republicanos começaram uma campanha para melhorar a aceitação do movimento dentro do próprio partido. Ontem, o estrategista Karl Rove, considerado o braço direito de George W. Bush durante seu governo, defendeu os ultraconservadores em uma entrevista ao Face the Nation, da rede CBS. Segundo ele, o Tea Party é um movimento ;patriótico; e ;incrivelmente positivo;.

No mesmo dia, o jornal The Washington Post publicou um amplo material em que mostra toda a fragilidade da aliança ultradireitista. Em um mapeamento que ;durou meses;, o Post fez contato com todos os grupos identificados com o Tea Party em todo o país, e descobriu que 70% deles não participaram de qualquer campanha política neste ano. Como um todo, eles não têm candidatos oficiais e nem têm apoiado nenhum líder nacional em particular, além de possuírem pouco dinheiro. ;Eles permanecem ambivalentes sobre seus objetivos e o processo político em geral;, aponta o Post, que resume o movimento como um ;bando de encontros vagamente interligados, que se esforça muito pouco para se engajar no processo político;.