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Trechos dos documentos publicados pelo site WikiLeaks são divulgados

LONDRES - Anunciada como a divulgação "mais importante de documentos militares da história", os textos publicados na sexta-feira pelo site WikiLeaks são "SIGACT" ("Significant Action in the war") ou relatórios de militares americanos durante a guerra (do Iraque).

Principais pontos destes documentos após análises realizadas por AFP, The New York Times, The Guardian e Le Monde.

- MORTES DE CIVIS -

Os documentos informam que 109.032 pessoas morreram no Iraque, sendo 66.081 civis (deste total, 15 mil não foram revelados), 23.984 "inimigos", 15.196 membros das forças iraquianas e 3.771 soldados aliados.

- TORTURA -

O fundador do site, Julian Assange, qualificou de "banho de sangue" a ação das forças iraquianas, que agiram com o conhecimento do Exército americano, que fechou os olhos para barbáries.

Em um dos documentos, um preso revela como "foi golpeado com um cabo por um policial iraquiano durante duas noites consecutivas". Outro detido apanhou "na planta dos pés com um objeto".

Mas nem todos os abusos são de responsabilidade das forças iraquianas. Assange destaca "mais de 300 casos documentados de tortura cometidos pelas forças da coalizão liderada pelos Estados Unidos, e não apenas em (na prisão) Abu Ghraib, mas por todos os lados".

Violações e assassinatos cometidos pelas forças iraquianas foram constatados pelo Exército americano, mas nenhuma investigação ocorreu para se apurar estes casos.

- OUTROS CRIMES DE GUERRA -

As forças americanas mataram entre 600 e 700 civis em postos de controle instalados em todo o Iraque, ou com disparos feitos contra civis por engano. Um helicóptero americano matou em 2007 dois rebeldes que se renderam, após um advogado do Exército concluir que ninguém pode se entregar a um helicóptero.

Alguns documentos revelam casos de assassinatos de civis por agentes da empresa privada americana de segurança Blackwater, cuja reputação foi gravemente abalada após a morte de 14 civis em um incidente em 2007 no Iraque.

- IRÃ -

Os documentos apoiam as acusações americanas de que o Irã treinou e armou as milícias xiitas no Iraque para matar ou sequestrar americanos. Segundo um dos relatórios, os iranianos planejavam atacar a "Zona Verde" de Bagdá, onde estão os principais prédios do governo iraquiano e as embaixadas ocidentais.