Dubai - A rede de televisão Al-Jazeera divulgou nesta sexta-feira (22/10) as "principais revelações" do site WikiLeaks, anunciando que o Exército dos Estados Unidos "encobriu" torturas no Iraque e causou a morte de centenas de civis em seus postos de controle militar.
Citando o site, a rede de televisão destacou que o vazamento das informações inclui o acobertamento por parte do Exército americano de tortura realizada pelo Estado iraquiano e "centenas" de mortes de civis nos postos de controle militar dos EUA após a invasão americana de 2003, que derrubou Saddam Hussein.
A emissora divulgou ainda que o vazamento dos documentos, datados de 1; de janeiro de 2004 a 31 de dezembro de 2009, mostra que os Estados Unidos realizaram uma contagem de mortos durante a guerra, apesar de terem desmentido o fato.
O canal em inglês da Al-Jazeera transmitirá a série de programas às 21h GMT (19h de Brasília), anunciou em comunicado enviado à AFP, "que revelam novas informações surpreendentes sobre as operações das forças dos Estados Unidos durante a guerra do Iraque".
Segundo a rede de televisão, os programas são baseados em arquivos do WikiLeaks, "que teve acesso a mais de 400 mil documentos sobre a guerra do Iraque, tornando esse vazamento o maior da história dos EUA".
"A quantidade de documentos secretos é mais de quatro vezes maior que no caso dos arquivos do Afeganistão", anunciou a emissora em um comunicado divulgado em inglês.
O WikiLeals enfureceu o Pentágono em julho, ao publicar 77 mil documentos confidenciais dos Estados Unidos sobre a guerra no Afeganistão.
A Al-Jazeera afirmou que o vazamento de documentos também traz novas informações sobre o assassinato de civis pela empresa de segurança privada americana Blackwater.
"Os arquivos secretos dos EUA revelam novos casos da Blackwater (uma companhia conhecida atualmente como XE) abrindo fogo contra civis. Nenhuma acusação foi apresentada", disse o comunicado.
Também foram encontrados nos documentos informações sobre o que chamavam de "envolvimento secreto" do Irã ao financiar milícias xiitas no Iraque.
"Os arquivos detalham a guerra secreta do Irã no Iraque e discutem o papel da Guarda Revolucionária do Irã agindo como um suposto fornecedor de armas para os insurgentes xiitas",informou a Al-Jazeera.
Afirma ainda que os documentos incluem relatórios do Exército americano sobre o primeiro-ministro do Iraque, Nuri al-Maliki, "e acusações de sua associação com esquadrões da morte" no Iraque.
O Pentágono alertou nesta sexta-feira que divulgar documentos militares secretos pode colocar em perigo tropas americanas e civis iraquianos.
"Ao relevar informações sensíveis como estas, o WikiLeaks continua colocando em risco as vidas de nossas tropas, de seus parceiros de coalizão e dos iraquianos e afegãos que trabalham conosco", afirmou Geoff Morrell, porta-voz do Pentágono.
Ele afirmou que os documentos eram "essencialmente trechos de eventos, tanto trágicos como banais, e não contam a história toda".
"Dito isso, o período abrangido por esses relatórios tem sido bem documentado nas notícias, nos livros e filmes, e a divulgação desses relatórios não traz uma nova compreensão do passado do Iraque", acrescentou Morrell.
Anders Fogh Rasmussen, secretário-geral da Otan, também afirmou nesta sexta-feira que as vidas dos soldados e civis poderiam ser colocadas em perigo caso o WikiLeaks divulgasse os documentos confidenciais.