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Mineiros chilenos pediram para sair da mina antes do desabamento

Os 33 mineiros resgatados no Chile depois de 69 dias soterrados pediram para sair da mina três horas antes do desabamento, em 5 de agosto, por causa dos fortes barulhos que ouviram no interior da jazida, mas o pessoal encarregado negou a autorização, informou o deputado Carlos Vilches.

O parlamentar, da União Democrática Independente (UDI, no poder), membro da comissão de investigação da câmara de Deputados que tenta determinar as causas do acidente na mina San José, conversou com o mineiro Juan Illanes no hospital de Copiapó depois de seu resgate, e foi informado do pedido negado.

"Ele me disse que às 11 horas começaram a ouvir ruídos muito fortes. Pediram para sair e lhes negaram a permissão. Eles acham que houve negligência dos donos e gerentes da mina", afirmou Vilches ao jornal La Tercera.

"Eles sabiam das condições e do risco (...). O mais razoável a fazer era tirá-los de lá", destacou.

[SAIBAMAIS]A versão foi confirmada por outros dois mineiros, Omar Reygadas e Jimmy Sánchez - que, consultados pela imprensa local, mencionaram o pedido de ajuda. "A mina estava fazendo barulho e nos deixaram lá dentro, mas não posso falar mais do que isso", afirmou Jimmy Sánchez, o mais jovem dos mineiros presos.

Segundo Reygadas, deve ter sido o chefe de turno, Luis Urzúa, ou o capataz Florencio Ávalos quem contatou o gerente de operações da mina, Carlos Pinilla, para adverti-lo sobre os ruídos. "Ele (Pinilla) sabia muito bem o que estava acontecendo na mina, por isso não pode negar", disse ainda Reygadas, que está decidido a apresentar seu testemunho ante a comissão de investigação do Parlamento.

Vilches considera o antecedente algo "bastante significativo", e por isso pedirá à Comissão de Minas da Câmara, que atua como investigadora, para convidar os mineiros a depor. "A mina avisou mais cedo que podia haver um acidente grave, mas não levaram isso em conta", denunciou Vilches ao jornal El Mercurio.

Na véspera, o presidente do Chile, Sebastián Piñera, se comprometera a ratificar o convênio sobre segurança e saúde das minas da Organização Internacional do Trabalho (OIT), menos de uma semana depois do resgate de 33 mineiros soterrados na região do Atacama.

O convênio, que data de 1995, define as práticas de segurança nas minas e permite aos trabalhadores denunciar as condições de segurança sem medo de perder o emprego. O texto já foi ratificado por 20 países, mas o Chile ainda não está na lista.