PARIS - A mobilização contra a reforma previdenciária na França ganhou o reforço, nesta segunda-feira (18/10), dos rodoviários.
Demonstrando que a ameaça de escassez foi levada a sério, o ministro do Interior anunciou a ativação do "centro interministerial de crise" para garantir "o abastecimento de combustível" no país, onde doze refinarias estão em greve.
Algumas horas antes, o presidente Nicolas Sarkozy, para quem a reforma previdenciária é uma das prioridades do final de seu mandato, reuniu-se no Eliseu com vários ministros para analisar, principalmente, a "questão do fornecimento de combustível", segundo um dos participantes.
Sarkozy reafirmou nesta segunda-feira que a reforma previdenciária é "essencial" e que a França vai implementá-la.
A reforma previdenciária desencadeou novos incidentes violentos nesta segunda-feira. Cento e noventa e seis estudantes foram detidos durante manifestações, segundo o Ministério do Interior, após confrontos entre as tropas de choque. No local, jovens com rostos cobertos atearam fogo em carros.
Convocados pelos sindicatos para fortalecer o movimento, os rodoviários passaram à ofensiva conduzindo "operações padrão", que provocaram enormes engarrafamentos em eixos importantes.
O espectro de uma escassez geral de combustíveis ficou ainda mais nítido com o anúncio de colapso nos estoques nesta segunda-feira em cerca de mil postos de gasolina de hipermercados (dos 12.500 do país). Neste fim de semana, motoristas correram para encher os tanques.
O presidente da União Francesa da Indústria Petrolífera (Ufip) Jean-Louis Schilansky estimou em "menos de dez", de um total de 200, o número de depósitos de combustíveis bloqueados nesta segunda-feira.
Apoiados pela oposição de esquerda, os sindicalistas esperam manter a mobilização amanhã, novo dia de greves e manifestação, para forçar o Senado a não votar o projeto de lei.
A votação estava inicialmente prevista para a próxima quarta-feira, porém, devido a mais de 500 modificações, deve ocorrer na quinta-feira à noite, segundo o partido UMP.
Nesta segunda-feira, os transportes ferroviários estavam mais lentos. Em média, um trem-bala (TGV) funciona a cada duas composições.
Os protestos continuaram nas escolas, com manifestações em 261 estabelecimentos (dos mais de 4 mil na França), segundo o governo. Cerca de 400 estudantes participaram de uma passeata pacífica na Avenida Champs-Elysées em Paris.