LONDRES - O depoimento escrito de uma sobrevivente do "Titanic", contando o naufrágio do transatlântico em 1912, no qual morreram 1.500 pessoas, foi arrematado por 20.000 libras (32.000 dólares) num leilão realizado neste domingo no sul da Inglaterra, anunciou a empresa encarregada dos lances.
A oferta final do comprador, um colecionador da Europa do Leste que preferiu não ter o nome divulgado, foi superior às estimativas mais otimistas, de 15.000 libras (24.000 dólares).
No documento, a londrina Laura Francatelli, secretária do barão britânico Sir Cosmo Duff-Gordon, evoca os "gritos e o pranto" de centenas de passageiros presos no navio que afundava inexoravelmente.
"A água começou a subir. Um homem colocou-me um colete salva-vidas dizendo que se tratava de uma simples precaução e que não deveria me preocupar", relata a sobrevivente, dirigindo-se à comissão de enquete britânica constituída depois do naufrágio do "Titanic".
"Quando chegamos à cobertura superior, já estavam baixando os botes de salvamento. Dei-me conta de que o mar estava mais alto e disse a Sir Cosmo Duff-Gordon ;estamos afundando; e ele respondeu: Bobagem", recorda Laura Francatelli.
"Depois de algum tempo, sentaram-nos num bote dizendo que deveríamos remar para nos afastarmos do navio. Umas pessoas diziam que se o Titanic afundasse nos arrastaria", escreveu ela.
"Estávamos longe quando vimos elevar-se a popa e o navio ir a pique. Houve um rugido gigantesco e, depois, gritos e choro".
Laura Francatelli, que faleceu em 1967, tinha 31 anos quando o Titanic naufragou, em abril de 1912, depois de se chocar contra um iceberg.