Jornal Correio Braziliense

Mundo

Papa Bento XVI canoniza mais seis religiosos neste domingo, no Vaticano

Entre os novos santos está a australiana Mary MacKillop, que chegou a ser excomungada por denunciar um sacerdote pedófilo no século 19

O papa Bento XVI canonizará amanhã seis novos santos durante cerimônia na Praça de São Pedro, no Vaticano, para a qual são esperadas pelo menos 50 mil pessoas. Entre eles, está a religiosa Mary MacKillop, célebre pela coragem de denunciar um sacerdote pedófilo no século 19, que se tornará a primeira santa australiana. Bento XVI proclamará santos ainda a espanhola Cândida Maria de Jesus, o polonês Stanislas Soltys, o canadense Alfed André Bessette e as italianas Giulia Salzano e Camilla Battista Varanno.

Diplomatas e autoridades assistirão à cerimônia, entre eles o presidente da Polônia, Bronislaw Komorowski; o vice-ministro da Justiça espanhol, Juan Carlos Campo Moreno; e o chanceler do Canadá, Lawrence Cannon. Também são esperados bispos de vários países, além de alunos, padres e mães, ex-alunos e religiosas dos vários colégios do Sagrado Coração. As canonizações ocorrem paralelamente ao Sínodo dos Bispos para o Oriente Médio, que começou no início da semana.

Os novos santos são considerados um exemplo para os católicos de todo o mundo por suas vidas piedosas e sua admirável entrega a Cristo, enfatiza o Vaticano. A espanhola Juana Josefa Cipitria y Barriola, por exemplo, decidiu ainda jovem dedicar sua vida a Deus. Nascida em 31 de maio de 1845, em Andoain, ficou conhecida mais tarde por Madre Cândida.

Aos 26 anos, com outras cinco mulheres, a nova santa espanhola, que trabalhou como empregada doméstica e não sabia ler ou escrever, segundo a biografia oficial divulgada pelo Vaticano, fundou, em Salamanca, a Congregação das Filhas de Jesus. A religiosa morreu em 1912, com 67 anos, deixando um enorme legado. Hoje, a congregação, dedicada principalmente à educação de mulheres, atua em 17 países de quatro continentes, reunindo 1.025 religiosas.

Escândalos
Como a futura santa espanhola, a religiosa australiana Mary MacKillop (1842-1909), dedicou sua vida a serviço da Igreja Católica. De espírito rebelde, chegou a enfrentar no fim do século 19 a hierarquia católica ao denunciar um sacerdote pedófilo, o que lhe valeu uma excomunhão temporária. Fundadora da ordem das Irmãs de São José do Sagrado Coração, dedicou sua vida a educar crianças pobres. Sua canonização ganha uma relevância particular por ocorrer no momento em que a Igreja Católica ainda enfrenta os escândalos de abusos sexuais na Europa e nos Estados Unidos.

O papa canonizará também o religioso canadense Alfed André Bessette (1845-1937), conhecido como "o homem que fazia milagres", e o polonês Stanislas Soltys (1433-1489). Outras duas religiosas, ambas de nacionalidade italiana, serão proclamadas santas: Giulia Salzano (1846-1929) e Camilla Battista Varanno (1458-1524).

Em cinco anos, o pontífice alemão proclamou 34 novos santos. Ao ser entronizado, Bento XVI limitou o ritmo das canonizações e beatificações, que na época de seu antecessor, o papa João Paulo II, alcançaram um número recorde: 482 santos e 1.338 beatos. Na lista de espera, além de João Paulo II, está o processo de canonização do papa Pio XII.

[SAIBAMAIS]